O que é e como se transmite a doença que preocupa o mundo?
O que é a gripe das aves? É uma doença contagiosa provocada por um vírus Influenza do tipo A. O vírus que está a preocupar o mundo, denominado H5N1, surgiu pela primeira vez em Hong Kong em 1997; nos últimos anos já contaminou mais de 100 pessoas e matou cerca de 60 na Ásia. Apesar de muito violento (a taxa de mortalidade nos animais atinge os 100 por cento e nos humanos cerca de 50 por cento), ainda não passa facilmente de pessoa para pessoa. Existem apenas alguns casos isolados em que provavelmente houve transmissão entre familiares.
A doença já chegou a Portugal?Não há quaisquer indícios de que a doença tenha chegado a Portugal, mas ontem, pela primeira vez, foi detectada num país da União Europeia (Grécia). Este é o ponto mais ocidental ao qual o vírus chegou.O vírus transmite-se facilmente?Entre as aves, sim, por isso as medidas de segurança europeias incluem o abandono da criação de aves ao ar livre, onde podem mais facilmente entrar em contacto com aves selvagens que transportem o vírus. Mas dificilmente o H5N1 se transmite ao homem, porque é ainda um vírus adaptado às aves. É preciso haver um contacto muito próximo com as aves, e em especial com as suas fezes ou outros materiais biológicos, como sangue. Mercados onde se vendam aves vivas e quintas onde exista criação, em especial se misturadas com outros animais, são os ambientes onde o risco de transmissão é maior. O vírus pode transmitir-se através de inalação, ou pelos olhos. Lavar bem as mãos antes de as fazer entrar em contacto com o rosto é uma medida de higiene sempre acertada.É seguro comer carne e ovos de aves?O vírus é destruído a temperaturas superiores a 70 graus Celsius, pelo que a Associação Portuguesa de Segurança Alimentar aconselha a cozinhar a carne e os ovos a temperaturas superiores - embora não haja indícios de que o vírus H5N1 se transmita por via alimentar. Há várias pistas para garantir que os alimentos foram cozinhados a uma temperatura suficiente: a carne deve mudar de cor e, no caso do frango ou outras aves inteiras, pode-se espetar a zona mais espessa da perna com uma faca limpa, até que saia o suco. Este não deve conter fragmentos avermelhados ou rosados. Se o molho de um assado se encontra claro (sanguinolento ou rosado) é sinal de que não se atingiu a temperatura apropriada no seu interior. Os ovos devem ser cozinhados até que as claras e as gemas estejam duras.A vacina protege contra esta gripe?Não, neste momento não há nenhuma vacina contra a gripe das aves, porque é preciso esperar que surja uma estirpe que consiga passar de pessoa para pessoa para a elaborar. É que o vírus está em constante mutação genética, o que o faz ter um aspecto diferente à superfície. Uma vacina preparada para ensinar as células do sistema imunitário a reconhecer o aspecto que o vírus tem hoje provavelmente não será eficaz, quando ele se tornar capaz de se transmitir entre seres humanos, porque deverá ter uma composição à superfície diferente. Mas a vacinação contra a gripe normal pode limitar a quantidade de estirpes virais em circulação, o que limita as possibilidades de o H5N1 se recombinar com uma outra estirpe que já afecte os humanos. Por isso, as pessoas incluídas nos grupos de risco (crianças muito jovens, idosos e pessoas com doenças crónicas) devem vacinar-se.Há medicamentos eficazes?Já há alguns anos que existem no mercado dois fármacos antivirais usados para diminuir os efeitos da gripe, o oseltamivir e o zanamivir. O primeiro tem sido o mais utilizado para tratar os mais de 60 casos humanos de gripe das aves, e por isso surgiram já relatos ocasionais de estirpes a ele resistentes. E todas as estirpes se mostraram vulneráveis ao medicamento menos usado até agora, o zanamivir. Mas não vale a pena correr às farmácias para fazer stocks de antivírus em casa, pois a sua aplicação deve ser feita num período muito específico e, em caso de epidemia, não adianta tomar os comprimidos todos que tiver em casa para se proteger. Aliás, bastará que algumas pessoas os tomem para controlar a dispersão da infecção, mas essa decisão terá de ser tomada pelas autoridades sanitárias, com base em modelos epidemiológicos (Publico)
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