terça-feira, dezembro 20, 2005

Tudo o que podemos fazer é reduzir o número dos que morrem e adoecem

A escassez de vacinas obriga a que seja preciso decidir quem vai ter prioridade na vacinação. Qual deverá ser a estratégia?A primeira decisão a tomar é se se quer vacinas. Em Portugal encomendaram-se antivirais para 25 por cento da população, mas não foi tomada ainda uma decisão sobre a aquisição antecipada de vacinas. Como muitos outros países, pode começar-se a pensar em ter acesso à vacina contactando quem vai produzi-las.A segunda opção é desenvolver a sua própria produção de vacinas. Podem os governos pagá-la? É possível manter um laboratório que só existe à espera que surja uma nova pandemia? Estas opções têm de ser exploradas pelos governos. Só depois de ter uma vacina é que se pode decidir a quem administrá-la.Mas nos antivirais os governos estão a escolher os grupos prioritários.São 47 os países que encomendaram antivirais, em diferentes quantidades. Cerca de dez por cento destes países vão ter antivirais suficientes para cobrir 20 por cento da sua população, mas muitos não os receberão antes de 2006 e 2007. A realidade agora é que, mesmo juntando globalmente todos os stocks nacionais, conseguiremos cobrir que percentagem da população? Adivinhe...Cinco por cento?Dois por cento, menos de dois por cento.Não são boas notícias...Mas é a realidade. Temos de avaliar o nosso grau de preparação de acordo com as provas que temos.Face à escassez de antivirais e vacinas, o que significa então estar preparado para uma pandemia de gripe?Mais governos devem investir em planos de contingência. Os países devem certificar-se de que os hospitais estão operacionais, assegurarem que há antibióticos disponíveis, identificarem escolas que podem ser transformadas em hospitais, decidirem o recrutamento de enfermeiros reformados e de pessoal paramédico.Mesmo que estas medidas de preparação estejam a ser acauteladas, se a pandemia começasse nos próximos seis meses qual seria o cenário previsível?Mesmo com o melhor grau de preparação haverá sempre pessoas que vão adoecer e que vão morrer. Tudo aquilo que podemos fazer é reduzir o número de pessoas que morrem e adoecem. Preparação para uma pandemia é a minimização de danos e não prevenção. E Portugal está preparado?Nenhum país no mundo está preparado, mas se olharmos para os países que têm planos de contingência e medidas em curso, países que como Portugal encomendaram antivirais para 25 por cento da população estão no grupo dos mais bem preparados. Assim como países com planos de contingência e que - muito importante - já trataram de transformá-los em acções nacionais concretas