domingo, outubro 23, 2005

DESTAQUE

O que são os vírus?
Os vírus encontram-se no limiar entre o mundo dos seres vivos e o dos não vivos. São inertes, mas quando entram numa célula podem tornar-se activos. Não dispondo de instrumentos próprios para sobreviverem, têm de se inserir no circuito vital da célula hospedeira, que funciona como uma máquina reprodutora do vírus. Grande parte do ciclo de vida do vírus está dependente da "maquinaria" da célula hospedeira, o que restringe as possibilidades de criação de novos medicamentos antigripais.
Por que há tão poucas armas contra os vírus?
A imunização com vacinas é uma das armas contra os vírus como o da gripe. As vacinas incorporam partículas virais inactivadas ou hemaglutinina purificada das estirpes correntes na população, a saber, H3N2 e H1N1. No entanto, dada a velocidade de evolução das estirpes de "Influenza", a composição das vacinas tem que ser mudada frequentemente. As alterações podem levar seis meses a fazer, sem contar com os testes de segurança da vacina. O tamanho da população também coloca problemas, o que limita a eficiência de uma vacina na profilaxia de uma pandemia de gripe.
Que medicamentos se podem usar contra a gripe?
Os antibióticos não actuam contra infecções virais. Mas são frequentemente prescritos contra infecções bacterianas secundárias. Os antivirais colocam um problema: dada a instabilidade genética dos vírus, estimulam-os a ganhar resistência aos medicamentos, que deixam de fazer efeito.Os antivirais mais usados, zanamivir e oseltamivir, bloqueiam a proteína de superfície do vírus neuramidase, o que impede a libertação de novos vírus. Há menos medicamentos antivirais que antibacterianos porque grande parte do ciclo do virus está dependente da "maquinaria" da célula hospedeira. Há medicamentos que aniquilariam o vírus, mas que também atacariam a célula. Esse é o caso do amantadine e do rimantadine, que inibem uma proteína necessária para a libertação do património genético do vírus (ARN) e que, por provocarem reações adversas, têm uma utilização clínica restricta. Isto faz com que a investigação procure medicamentos que tenham como alvo moléculas únicas ao vírus. Quanto mais detalhada for a informação acerca dos vírus, mais próximo estaremosde medicamentos que sejam eficazes. Ana Domingos (Publico)