sábado, novembro 12, 2005

Plano de combate à gripe aviária exigirá 850 milhões de euros

Joana Ferreira da Costa
No dia em que foi anunciada a provável morte de uma adolescente indonésia com gripe das aves, o Banco Mundial defendeu que serão necessários mil milhões de dólares (850 milhões de euros) para pôr em prática um plano de acção coordenada de combate à gripe aviária, nos próximos três anos.Outro 500 milhões de dólares (425 milhões de euros) serão precisos para investir no desenvolvimento de vacinas e aumentar a produção dos medicamentos antivirais, que se têm mostrado mais eficazes contra o vírus H5N1, que matou 64 pessoas na Ásia.As estimativas foram avançadas ontem, no final da reunião sobre a gripe das aves organizada, em Genebra pela Organização Mundial da Saúde e onde mais de 600 peritos traçaram um plano de intervenção contra a gripe aviária que exige um enorme esforço de financiamento.As verbas necessárias serão angariadas numa conferência de doadores em Janeiro do próximo ano e financiarão os programas de combate à doença em 150 países em desenvolvimento, de forma a evitar uma pandemia em seres humanos.A estirpe mais perigosa do vírus aviário, a H5N1, já é endémica em muitos países asiáticos. Apenas se transmite ao homem através de estreito contacto com animais infectados. A grande preocupação é que o H5N1 sofra mutações que o transformem num novo vírus, capaz de se transmitir de homem para homem, dando origem a uma pandemia de gripe.A prioridade do plano de acção está, por isso, centrada no controlo da gripe nas explorações de aves, sobretudo no Sudeste asiático. Ontem, na Indonésia, as autoridades de saúde admitiam que a gripe das aves poderá ter sido responsável por mais uma morte no país: a de uma rapariga de 16 anos, que vivia num subúrbio de Jacarta. "Os testes realizados mostraram resultados positivos [ao H5N1], mas aguardamos a confirmação de Hong Kong", afirmou à Reuters, Hariadi Wibisono, do Ministério da Saúde indonésio.O abate e a vacinação das aves de capoeira nos países onde a doença se tornou endémica é uma das prioridades do plano. Mas ontem a China - que enfrentou quatro surtos de gripe aviária nos últimos 15 dias - admitia que a situação na província de Liaoning está fora de controlo, em parte porque as aves foram imunizadas com vacinas de contrafacção. "A epidemia continua a ser grave. Os esforços para a erradicar são muito complicados e a prevenção é difícil", declarou o ministro da Agricultura, Du Qingling. Parte do problema está na falta de eficácia das vacinas administradas a 13,9 milhões de aves. "A utilização de vacinas de contrafacção e má qualidade levará a um desastre", alertou o responsável. Ontem ficou também definido que tem de ser acelerada a capacidade de diagnóstico e tratamento de casos humanos com a doença, fundamentais para o caso de uma pandemia. A OMS garantiu que os laboratórios Roche conseguirão produzir 415 milhões de doses de um dos antivirais mais eficazes para a doença - Tamiflu - nos próximos dois anos, uma quantidade superior à encomendada pelos países. E o Vietname, onde morreram mais pessoas com o vírus, poderá ser o primeiro a produzi-lo sob licença da Roche (Publico)