sexta-feira, outubro 14, 2005

Director-geral de Saúde diz que"corrida às vacinas é um erro"

A corrida às vacinas da gripe é um erro que gostaria de evitar em Portugal", comenta o director-geral de Saúde, Francisco George, acerca do que acontece na Roménia, onde a detecção de focos de gripes das aves levou a uma afluência em massa às farmácias para compra da vacina.Antes de mais, a Direcção-Geral de Saúde (DGS), na sua circular sobre a gripe humana, afirma que as vacinas à venda "não protegem contra a infecção pelo vírus influenza A(H5N1), responsável pela actual epidemia em aves". Está a ser estudada uma vacina para este vírus, mas espera-se "que não exista durante um período mínimo de seis meses após a eclosão da epidemia".Todos os anos chegam a Portugal 1,2 milhões de doses de vacinas contra a gripe humana, fabricadas anualmente com base nas estirpes que circulam em cada época gripal (esperável entre os período de Outubro e Fevereiro).A quota de vacinas atribuída a cada país é limitada, refere George, pelo que a prescrição indiscriminada em Portugal pode comprometer a disponibilidade de vacinas para os grupos de risco que mais dela precisam, avisa o responsável. Esta situação só se evita, "se não houver corrida descontrolada". George refere que "não têm sinais" de que o que está a acontecer na Roménia esteja a passar-se em PortugalO director-geral de Saúde reforça que apenas os grupos de risco devem ser, neste momento, vacinados, o que inclui pessoas com mais de 65 anos, sem-abrigo, quem sofra de doenças crónicas cardíacas, pulmonares, assim como a diabetes, a sida e o cancro. No grupo que deve ser vacinado estão também as grávidas que em Outubro estejam no segundo ou terceiro trimestre da gravidez e o pessoal dos serviços de saúde.Só no caso de ser detectada a gripe das aves em Portugal é que se aconselha que também sejam vacinados os profissionais que possam vir a estar envolvidos em operações de abate sanitário de aves infectadas. O objectivo é reduzir o risco teórico potencial de recombinação genética do vírus, que poderia ocorrer se houvesse, ao mesmo tempo, uma infecção na mesma pessoa com o vírus da gripe das aves e da gripe humana, refere a circular da DGS (disponível em www.dgsaude.pt).Em Portugal, para a população em geral na época de 2004/2005, a percentagens de vacinados contra a gripe foi de cerca de 15 por cento, sendo de 39 por cento num dos maiores grupos de risco, os indivíduos com mais de 65 anos. Catarina Gomes