Fabricante de antiviral contra a gripe das aves nega-se a libertar patente
O laboratório farmacêutico Roche não vai libertar a patente do oseltamivir (comercializado sob o nome de Tamiflu), o antivírico que tem dado mais provas de eficácia no combate ao vírus da gripe das aves. Anteontem um porta-voz da empresa, citado pelo El País, disse que a Roche manterá a patente do oseltamivir até 2016. "Sabemos que existe uma necessidade do produto e que devemos aumentar a produção, mas a Roche deve permanecer a cargo do processo. Não podemos esperar três anos", argumentou, numa alusão ao período de tempo que demoraria a outro laboratório estar em condições de fabricar o produto.Esta semana as autoridades de vários países asiáticos, onde a gripe das aves já matou 60 pessoas, voltaram a sugerir que a Roche liberte a patente do antiviral, o mais eficaz no combate da estirpe mais perigosa - H5N1. Em meados do mês passado, o director-geral da Organização Mundial de Saúde, Lee Jong-wook, indicou, contudo, que a sua instituição não vai "impulsionar" uma versão genérica do Tamiflu.A companhia farmacêutica anunciou, por seu lado, a intenção de duplicar este ano a produção do fármaco e de a voltar a duplicar no ano que vem. O porta-voz da farmacêutica, citado pelo El País, explicou que o processo de fabricação do Tamiflu é complexo e dura 12 meses "no melhor dos casos". O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar os representantes da Roche em Portugal. O Governo português já encomendou 2,5 milhões de tratamento do oseltamivir, que deverão começar a chegar em 2006. Graça Freitas, responsável pela divisão de doenças transmissíveis da Direcção-Geral de Saúde, não se quer pronunciar sobre a decisão da Roche não libertar a patente, mas adianta: "Tecnologicamente há pontos críticos na produção deste medicamento, já que não se trata de uma molécula sintética, mas deriva de uma planta que tem um crescimento limitado a algumas zonas do mundo." O Tamiflu é comercializado em Portugal, em cápsulas e em pó, estando sujeito a receita médica. Não é comparticipado pelo Ministério da Saúde e custa 25,17 euros. À venda está igualmente o outro antivírico, o zanamivir, com o nome comercial de Relenza. Este medicamento, que tem sido menos testado no combate ao vírus da gripe das aves, custa entre 9,59 e 19,34 euros, dependendo do número de doses. Mariana Oliveira (Publico)
<< Home