Portugal fora da rota das aves migratórias da Roménia e da Turquia

A maioria das aves migratórias das regiões onde foi identificado o vírus da gripe das aves, na Rússia e no Cazaquistão, e, mais recentemente, na Roménia e na Turquia, não representa um risco forte para Portugal. "Não estamos, ou estamos muito marginalmente, nas rotas das aves migratórias que provêm da Roménia e da Turquia", disse ao PÚBLICO Mário Silva, do Instituto da Conservação da Natureza (ICN). Essas aves, acrescentou, dirigem-se para regiões do Médio Oriente e da África Oriental.Quanto às aves vindas da Rússia e do Cazaquistão, os riscos são maiores, mas ainda assim não devem provocar alarmismo. Apesar de em Outubro iniciar-se um fluxo oriundo de regiões da Europa Oriental, nomeadamente de aves aquáticas (entre elas o pato real, o marreco, o trombeteiro e o ganso), a maioria destas aves acaba por ficar nos países do Norte da Europa e na Europa Central. Por outro lado, a maioria das explorações avícolas portuguesas não são ao ar livre, o que diminui também o perigo de contágio, explicaram ao PÚBLICO especialistas nesta área, no início do mês. Domingos Leitão, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, salienta, contudo, o maior risco associado aos caçadores e aos pombos de cidade. Risco que as autoridades relativizam. O director-geral de Veterinária garante que os caçadores estão avisados para não tocarem em aves mortas de forma inexplicável. E a Federação Portuguesa de Columbofilia afirma que os pombos, apesar de portadores do vírus, não viajam. Há, todavia, quem considere a recolha de amostras de aves aquáticas (520, no total), anunciada para este mês pela Direcção-Geral de Veterinária depois dos casos registados na Rússia e no Cazaquistão, insuficiente. Carlos Menezes, especialista em avicultura da Ordem dos Veterinários, alerta para o facto de serem esperadas 50 mil aves migratórias, e defende que também a recolha de amostras em aves domésticas não permite uma "informação rigorosa" sobre o que se passa nos aviários (Publico)