O que é a gripe aviária?
É uma doença das aves provocada por um vírus - que à escala dos animais representa o mesmo que a gripe nos humano -, identificada em 1878, em Itália. Em 1997, o vírus do subtipo H5N1 - do vírus da gripe «influenza», tipo A - ultrapassou a barreira da espécie, infectando 18 pessoas em Hong-Kong. Desde então, foram registados casos na Holanda, na Bélgica, no Chile, nos EUA, no Canadá e no continente asiático (China, Japão, Tailândia, Filipinas e Vietname). Recentemente, a gripe das aves surgiu na Turquia, no Cazaquistão, na Rússia e na Roménia.
A doença existe em Portugal?
Até ao momento não existem registos de qualquer caso de gripe aviária na avicultura portuguesa.
Como se transmite o vírus para as aves?
As aves migratórias, sobretudo as que vivem no meio aquático, constituem a principal via de transmissão. Também os excrementos podem conter o vírus, contaminando o solo e a água e infectando outros animais, como aves de capoeira e pombos ou até porcos. O vírus pode ser disseminado também pelos humanos que tenham tido contacto com aves ou excrementos infectados. Neste caso, a transmissão para as aves é feita através da roupa, do calçado, das mãos ou da pele.
Quais os principais sintomas de uma ave doente?
Apatia muito evidente, dificuldades respiratórias, corpo em bola, penas eriçadas, redução da produção de ovos e elevada mortalidade.
O homem pode contrair a doença?
O risco é muito baixo, mas existe. Até ao momento, só há registo de casos em pessoas que tiveram contacto directo com aves doentes. O vírus propaga-se pelo ar, entrando no organismo humano por inalação ou através das mucosas dos olhos. A doença não se transmite entre humanos.
O homem pode contrair a doença se ingerir carne de aves infectadas?
O consumo de carne e de ovos de animais doentes não leva à infecção de humanos. O vírus não sobrevive a temperaturas superiores a 60 graus e transmite-se apenas pelas vias acima referidas.
Quais os sintomas de um homem infectado com o vírus da gripe aviária?
No início, os sintomas são parecidos com os de uma gripe normal: febre alta, dificuldade em respirar e mal-estar geral. Contudo, o quadro pode agravar-se em poucos dias e, por vezes, evoluir para pneumonia.
A doença tem cura?
Sim. Novos medicamentos antivirais capazes de combater o vírus têm sido desenvolvidos com elevado potencial quimioprofiláctico, ou seja, que diminuem o risco de contágio. Os antivirais são susceptíveis também de minorar a gravidade e a duração dos sintomas da doença, evitando até a mortalidade em casos muito graves. Contudo, o H5N1 tem reaparecido com modificações e com mais resistência, impedindo a total eficácia dos antivirais e de vacinas. O primeiro antiviral recomendado, o Oseltamivir, já não é eficaz contra uma estirpe do vírus e os cientistas estão agora a recomendar a substância Zanamivir, comercializada com o nome «Relenza» pelo laboratório britânico GlaxoSmithKline.
Portugal já tem antivirais?
Sim. Portugal comprou doses da substância Oseltamivir, comercializada com o nome «Tamiflu» pela multinacional suíça Roche, suficientes para proteger 25 por cento da população. Actualmente, já está no país uma reserva para disponibilidade imediata e em Janeiro haverá um reforço. As restantes doses do antiviral vão chegar no segundo semestre de 2006. Estas doses de antiviral constituem uma reserva estratégica do Estado e não estarão disponíveis nas farmácias.
Há alguma vacina eficaz?
Não. As vacinas só serão criadas com eficiência se o vírus H5N1 sofrer uma mutação capaz de transmitir-se entre humanos. Só perante esse facto será possível conhecer qual será o tipo de vírus e, assim, fabricar a respectiva vacina. Até lá, os médicos terão de recorrer a antivirais.
Em caso de pandemia haverá vacinas em número suficiente?
Se a gripe aviária afectar vários países do mundo (pandemia), os laboratórios terão capacidade para produzir elevado número de vacinas em quatro a seis meses.
Deve-se tomar a vacina contra gripe comum?
A vacina contra a gripe comum não protege contra a infecção pelo agente responsável pela actual de gripe aviária e é recomendada só para a população de risco. Estão neste grupo os indivíduos com mais de 65 anos, as pessoas residentes ou com internamentos longos em instituições de saúde, sem-abrigo, doentes crónicos, grávidas até ao 2.º ou 3.º trimestre, profissionais de saúde e indivíduos que possam vir a estar envolvidos no abate sanitário de aves infectadas. A vacina da gripe deve ser administrada durante o presente mês de Outubro.
A gripe aviária pode chegar a Portugal?
As autoridades nacionais afirmam que, para já, é uma hipótese muito remota.
Estão a ser desenvolvidas medidas de protecção?
Sim. As importações de aves e seus produtos dos países afectados estão proibidas; os portos, aeroportos e fronteiras são fiscalizados; aves migradoras e explorações avícolas são sujeitas a exames; informação tem sido divulgada a avicultores e à população; médicos têm sido treinados; está activo um sistema de vigilância para dar resposta a qualquer suspeita da doença.
É possível viajar para países com casos de gripe aviária?
As viagens são possíveis, mas são necessários muitos cuidados. Deve ser evitado o contacto com aves vivas ou mortas; roupa e calçado usados devem ser bem lavados; após o regresso esperar pelo menos uma semana para contactar com aves; nunca trazer alimentos de origem animal de qualquer país.
Vera Lúcia Arreigoso