domingo, outubro 30, 2005

Gripe das aves: UE vai aconselhar cidadãos a não comer ovos crus

A União Europeia vai aconselhar os cidadãos a não consumir ovos crus e a cozinhar bem a carne das aves de capoeira para evitar a contaminação pelo vírus da gripe das aves, afirma o “Financial Times”. A advertência, dada em nome do princípio de precaução, vai emanar da autoridade europeia de segurança alimentar (EFSA), afirma o diário londrino na edição que vai sair amanhã.
Segundo a agência sedeada em Parma (Itália), uma boa cozedura deverá impedir a contaminação de humanos pela via alimentar. Mas a instância científica admite igualmente não se poder excluir totalmente esse risco.
"Não temos qualquer elemento que indique que as pessoas podem contrair o vírus pela via digestiva", declarou ao “Financial Times” Herman Koeter, director científico da EFSA, acrescentando: "Todavia, não podemos excluir que, teoricamente, seja possível que isso ocorra".
"Em teoria - precisou - pode ser possível que, se comermos o sangue cru de um frango infectado, o vírus não seja totalmente morto no estômago".
Europa preparada para enfrentar a doença
Segundo Koeter, a Europa está bem preparada para a chegada da gripe das aves ao seu espaço.
"Há alguns anos, não tínhamos as medidas de segurança biológica de que dispomos actualmente", explicou ao “Financial Times”. "Não evitaremos [a gripe das aves], mas penso que aprendemos e podemos isolá-la muito melhor". A Comissão Europeia decidiu hoje embargar durante um mês a importação comercial de aves para o espaço da União Europeia, medida que se tornará efectiva nos próximos dias, no âmbito do combate à propagação da gripe das aves.

Gripe das aves: peritos europeus desenvolvem vacina contra estirpe menos perigosa

Peritos britânicos, italianos e noruegueses, juntamente com investigadores do Instituto Pasteur de Paris, desenvolveram a primeira vacina contra uma estirpe da gripe das aves, menos perigosa e que apresenta menores riscos, que poderá ser administrada em seres humanos. Esta vacina deverá ser útil no desenvolvimento da vacina contra a estirpe H5N1. Os ensaios clínicos desta nova vacina, chamada "RD-3", contra a estirpe H7N1 da doença, deverão começar na próxima Primavera, segundo o porta-voz da Comissão para os assuntos de Saúde, Philip Todd. Embora as investigações se centrem no vírus H5N1 (altamente patogénico e que provocou 62 mortes da Ásia), um relatório recente do projecto FLUPAN, publicado na semana passada, afirmava que o H7N1 é igualmente perigoso e pode passar das aves aos seres humanos.
"O risco de o H7 aparecer como uma estirpe pandémica de gripe é considerado mais baixo do que o H5N1", indica um comunicado da União Europeia. "Todavia, espera-se que a investigação H7 FLUPAN seja um valioso recurso para o desenvolvimento futuro de uma vacina pandémica", acrescenta. Todd referiu que a nova vacina foi conseguida pela primeira vez mediante "técnicas de reversão genética", sem a utilização de ovos para a sua produção, o que poderá ser muito eficaz para a futura luta contra a gripe das aves. A investigação começou em Setembro de 2001, depois da selecção do H7N1 como potencial vírus causador de uma pandemia, por se conhecer um antecedente em Itália, em 1999, com surtos mortais para aves de capoeira relacionados com o vírus H7N7 que afectou a Holanda. Uma reunião de peritos realizada na semana passada, em Bruxelas, concluiu que seria necessário aumentar as investigações na área da gripe das aves e das pandemias, e constatou a necessidade de "uma mobilização rápida de recursos extraordinários" para evitar que a doença se propague.

Espécies migratórias criam resistência ao vírus

Ana Fernandes
Matar estes animais pode piorar ainda mais a situação sem que existam certezas sobre o seu papel nesta crise
A monitorização de aves migratórias num santuário na costa ocidental de Itália constatou que estes animais desenvolveram anticorpos que lhes podem conferir resistência contra a gripe das aves, afirmou um investigador do país. Estas declarações surgem na mesma semana em que as Nações Unidas criticaram a atenção excessiva que está a ser dada à eventual responsabilidade destes animais na proliferação do vírus, falando em "histerismo" mediático. Mauro Delogu, um investigador da Universidade de Bolonha que trabalha no santuário de Orbetello, disse que 13 anos de estudos concluíram que as aves desenvolvem anticorpos que podem protegê-las contra os vírus da família H5, que por vezes surgem no Mediterrâneo. Na segunda-feira foi a vez de nove organizações internacionais, reunidas pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente, alertarem para a "histeria" que está a rodear a migração das aves selvagens. Este organismo reuniu especialistas para criar um grupo de trabalho que aprofunde a relação entre as migratórias e a disseminação da doença. Até haver resultados, pedem calma: "Estamos a perder um tempo precioso ao apontar prematuramente o dedo às aves selvagens, em vez de estarmos a focar a nossa atenção nas causas reais da doença, que podem ser encontradas na forma como se faz a criação das aves de capoeira, no movimento destas e nos métodos das explorações que concentram enormes quantidades de animais em áreas pequenas, onde se criam as condições ideias para que um vírus como o H5N1 se espalhe ou sofra mutações", disse William Karesh, da Sociedade para a Conservação da Vida Selvagem.
Pânico leva à destruição
Receando os efeitos que este histerismo pode ter na conservação das espécies e dos seus habitats, como as zonas húmidas, os especialistas consideram que as aves selvagens são, antes de mais, vítimas da doença. E que algumas espécies à beira da extinção podem desaparecer caso sejam infectadas.
O medo instalou-se na Europa e cresce o receio entre os ornitólogos de que as pessoas se virem contra as aves migratórias. O que, lembram, seria, além de um atentado, contraproducente. É que ao perturbarem os animais, que geralmente se concentram em locais conhecidos, podem alterar as rotas de migração, conduzindo-os para outras áreas onde o controlo seria mais difícil.
Mas o certo é que o alarmismo já está a gerar comportamentos destrutivos entre as pessoas. Na República Checa, por exemplo, surgiram notícias de que foram arrasados das chaminés e dos beirais vários ninhos de andorinhas, que nem sequer pertencem aos grupos de risco - que abrangem algumas espécies aquáticas. As associações internacionais de ornitologia, como a Birdlife, a Royal Society for the Protection of Birds ou a Wetlands, estão preocupadas com os efeitos que um excessivo alarmismo pode ter sobre as aves migratórias. Sublinhando sempre que não há registo de que alguém tenha apanhado o vírus H5N1 pelo contacto com estas aves - até agora tem sido sempre através de exposições prolongadas, em ambientes fechados, com aves de capoeira -, as associações alertam para os perigos de se tentar interferir com as selvagens (Publico)

Suspeita de três casos humanos na ilha de Reunião

Joana Ferreira da Costa
No Reino Unido, tudo indica que o vírus da gripe das aves poderá ter chegado antes da data anunciada
Três habitantes da ilha francesa de Reunião, no Oceano Índico, poderão ter contraído a gripe aviária, anunciou ontem o ministro da Saúde francês, Xavier Bertrand. Todos eles viajaram recentemente para a Tailândia, onde visitaram um zoo e estiveram em contacto com aves.
Os primeiros testes realizados aos três habitantes "revelaram-se positivos" para a gripe aviária, mas terão de ser confirmados pelo Instituto Pasteur, disse o ministro francês. "Temos apenas suspeitas de gripe aviária. Não há nada confirmado", acrescentou.
Hoje serão conhecidos os resultados das análises de um dos doentes. As três pessoas estão a receber tratamento antiviral e o seu estado é estável. Pelo menos um deles está internado num hospital da ilha de Reunião.A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou ontem que a maioria dos seus 52 membros europeus têm planos para combater uma pandemia de gripe, seja das aves ou não. Apenas seis países não estarão preparados para enfrentar uma ameaça deste tipo.É o caso da Moldávia, Macedónia e Turquemenistão, que não estabeleceram qualquer estratégia de actuação, e da Rússia, Mónaco e San Marino, que não informaram a OMS sobre a existência de tal plano. Ontem, no Reino Unido, a ministra do Ambiente admitiu que a gripe das aves poderá ter chegado ao país antes de meados de Outubro, quando morreu em quarentena um papagaio importado do Suriname, com o vírus da gripe H5N1.
As análises preliminares a 32 aves que morreram durante a quarentena antes do papagaio identificam o vírus H5 em algumas delas. Resta agora saber se estavam infectados com a estirpe mais letal da doença e aquela transmissível aos humanos, a H5N1. Ontem a ministra confirmou também que foram dois e não um os papagaios infectados com H5N1 mortos naquela data. Margaret Beckett acrescentou que o segundo papagaio fazia, tal como o primeiro, parte do lote de 148 aves que chegaram ao Reino Unido e que foram colocadas em quarentena junto de um lote de 216 vindas de Taiwan, que poderão estar na origem do contágio.Desde terça-feira, a importação de aves exóticas foi proibida na União Europeia (Publico)

Desmentidos e Confirmações

AS CONFIRMAÇÕES

Croácia
Os cisnes selvagens encontrados mortos numa aldeia croata estão infectados com o H5N1, a estirpe mais letal da gripe das aves. "Os resultados das análises não constituem grande surpresa, já os esperávamos. Trata-se do vírus altamente patogénico H5N1", confirmaram as autoridades veterinárias. Estão identificados dois focos da doença no Leste da Croácia: um em Zdenci e outro a 15 quilómetros, em Nasice. Só as aves encontradas em Zdenci foram testadas, mas as autoridades calculam que os cisnes de Nasice pertençam ao mesmo bando. Milhares de aves de capoeira foram mortas para evitar a propagação do vírus.

China
A China anunciou ontem um novo surto de gripe das aves no país, o terceiro do vírus H5N1 desde a semana passada. A Organização Mundial da Saúde já foi notificada da morte de mais de 500 galinhas e patos numa aldeia na província de Hunan, centro do país. O Governo garante que o surto foi controlado. "Há casos de gripe das aves em aldeias de cinco províncias do país devido às aves migratórias, mas a situação está sob controlo. Não há casos humanos", diz o ministro da Saúde.

OS DESMENTIDOS

Alemanha
Depois da confirmação, vem o desmentido. Ontem o Ministério da Saúde alemão garantia que os gansos selvagens encontrados em Coblence, na zona ocidental do país, não estavam infectados com gripe das aves. Os resultados das análises preliminares feitas na terça-feira apontavam para vestígios de gripe aviária em pelo menos duas das 22 aves, que morreram envenenadas com raticidas. Mas as análises definitivas não o confirmaram. O ministério considera o envenenamento uma "explicação suficiente" para a morte dos animais.

Hungria
São negativos os resultados das análises ao vírus H5N1 efectuadas aos cadáveres de dezenas de pombos e de um cisne encontrados no Sul e Noroeste da Hungria. O cisne encontrado no lago Ferto, que marca a fronteira com a Áustria, terá morrido de uma infecção bacteriana e os pombos da cidade de Szeged, na fronteira com a Sérvia, foram vítimas de envenenamento com pesticidas, confirmaram ontem as autoridades veterinárias do país.

Aves de companhia não precisam de vacinas se estiverem confinadas

Quem tem aves domésticas, não precisa de as vacinar, afirmam as autoridades veterinárias nacionais. O truque é mantê-las confinadas em casa, para não haver risco de contacto com animais eventualmente contaminados. Só as aves que se encontrem nas zonas de risco, ou seja, perto de zonas húmidas, é que podem vir a ser vacinadas. A identificação destas zonas será divulgada brevemente, garantiu o Ministério da Agricultura. Mesmo assim, não se prevê que os animais de companhia sejam abrangidos por esta medida, que deverá ser aplicada apenas às que correm o risco de entrar em contacto com outras aves.
Quem tem aves de capoeira para consumo próprio, por exemplo, pode protegê-las se as mantiver confinadas, isto é, as capoeiras devem ser vedadas por todos os lados e, se as protecções forem de grade, esta deve ter uma malha fina. O objectivo é impedir que outras aves, eventualmente contaminadas, consigam chegar à comida enfiando o bico por entre as grades.

Gemada e farófias podem evitar-se

O vírus da gripe das aves do subtipo H5N1 é destruído a temperaturas superiores a 70 graus Celsius. Os ovos crus ou parcialmente cozinhados são um ingrediente frequente de alguma comida que não obedece "ao princípio da precaução", refere a directora de comunicação da Agência Portuguesa de Segurança Alimentar, Ana Miranda. Ovos estrelados, escalfados, mexidos, bacalhau à Braz, mousse, gemada, farófias ou maionese caseira fazem parte da lista de pratos que são feitos com ovos crus ou só em parte cozinhados.
"Não há evidência de que tenha havido até à data transmissão através de aves e ovos", mas "podem evitar-se todos os riscos, tendo por base o princípio da precaução", refere a responsável.
"O risco em Portugal é diminutíssimo, porque não temos casos de gripe das aves." As pessoas só deixam de comer ovos se quiserem ter "risco zero", explica Ana Miranda.
Os ovos devem, assim, ser cozinhados "até que as claras e as gemas estejam duras ou coaguladas", dizem as directrizes da agência (disponíveis em www.agenciaalimentar.pt). Por exemplo, os ovos cozidos obedecem a esta directriz. A responsável refere, por exemplo, que nenhum dos potenciais riscos existe no caso dos ovos pasteurizados (submetidos a temperaturas superiores a 70 graus Celsius). Segundo a directora-geral da Federação da Indústria Agro-alimentar, Isabel Sarmento, existe apenas uma empresa portuguesa, sediada em Leiria, a vender ovos pasteurizados (gema, claras e ovos inteiros), mas não os comercializa para o público, apenas para a indústria da restauração. São vendidos em forma líquida e têm garantias "de maior segurança alimentar", refere (Publico)

Itália exige pedido público de desculpas

Tod esclareceu que as importações estavam banidas de áreas com a estirpe da gripe das aves de alta patogenicidade. A União Europeia produz 11 milhões de toneladas de carne de aves por ano e exporta um milhão destas. Numa actualização das recomendações, o director científico da EFSA veio desdramatizar o comunicado, reforçando não haver provas de que a gripe das aves possa ser transmitida por aves ou ovos. O Governo italiano considerou mesmo o documento alarmista. Numa carta ao director da EFSA, Geoffrey Podger, o ministro da Saúde, Francesco Storace, exigiu "uma mensagem pública de desculpas pelo alerta injustificado gerado junto dos consumidores, os danos sofridos pelos produtores e ataque à credibilidade das instituições" de controlo, cita a AFP. A União Avícola Italiana (Una), que representa os criadores, pediu a demissão do director científico da EFSA. "As recomendações e o desmentido parcial da EFSA aumentam a psicose em torno de produtos que não são nocivos", declarou o presidente da Una, Aldo Muraro. As 60 pessoas que morreram na Ásia desde 2003 devido ao vírus H5N1 terão sido contagiadas directamente com aves - no abate, depenagem e a preparação para serem cozinhadas - e não pela sua ingestão.

Aviso europeu para não comer ovos crus causa polémica

Catarina Gomes
A Agência Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) esclareceu ontem que não existem quaisquer indicações de que o vírus da gripe possa transmitir-se ao homem por ingestão alimentar, mas aconselhou que se elimine este "risco potencial" evitando a ingestão de consumo de ovos e carne de aves crus. O alerta foi já contrariado e considerado alarmista.
"A via mais provável de contágio humano do H5N1 [estirpe da gripe das aves mais perigosa] é o contacto com animais infectados vivos e não o consumo de aves ou ovos. Esta possibilidade não pode contudo ser excluída", diz a agência.
Por precaução, e com o objectivo de evitar os riscos conhecidos de envenenamento de alimentos por salmonela e outros organismos, "a EFSA reitera as suas recomendações, efectuadas há longa data, de se cozer suficientemente a carne de aves e os ovos". Mas informa que, "na União Europeia, a presença do vírus H5N1 não foi até agora detectada em aves vendidas para consumo".
"Mesmo sendo pouco provável que o H5N1 possa transmitir-se através de carne ou ovos crus, cozê-los de forma suficiente pode matar o vírus e eliminar qualquer risco potencial", explica a EFSA, agência com sede na cidade italiana de Parma.
O comunicado da agência europeia, divulgado ontem, foi já alvo de críticas. A Comissão Europeia apressou-se a garantir que não há "risco de consumo" de aves e ovos na União Europeia devido à gripe das aves, refere a Associated Press. "Consideramos que não há um risco de contaminação pelo consumo de ovos crus", assegurou o porta-voz do comissário europeu da Saúde, Markos Kyprianou, Philip Tod. Vários produtores de aves dos Vinte e Cinco protestaram contra a EFSA por ter criado medos em torno do consumo de carne de aves (Publico)

quarta-feira, outubro 26, 2005

Roche sem antivirais para entregar às farmácias

Depois de os portugueses terem esgotado nas farmácias o medicamento antiviral indicado para tratar da gripe das aves, os próprios armazenistas dizem não ter mais remédios para distribuir. O laboratório Roche, que fabrica o oseltamivir, recusa por agora adiantar uma data sobre novas entregas.
A inexistência do antiviral Tamiflu para responder aos pedidos das farmácias foi comunicada por uma distribuidora de medicamentos àqueles que abastece. Segundo a agência Lusa, uma informação da distribuidora alerta as farmácias de que "não existe de momento qualquer previsão de data de entrega [do produto], para o mercado nacional".
Contactado pelo PÚBLICO, João Pereira, porta-voz do laboratório fabricante (a Roche), garante que o medicamento voltará às prateleiras das farmácias mas recusou "adiantar, para já, uma data para o reabastecimento".
O antiviral, destinado ao tratamento da gripe vulgar, está no mercado nacional desde 2003, mas tinha até agora vendas residuais. Segundo o PÚBLICO apurou junto de outra fonte da indústria, o "Tamilflu, que é um antiviral sazonal, deveria vender cerca de quatro mil embalagens por ano".
Tudo mudou com o alastrar da gripe aviária e com os receios de que o vírus possa sofrer mutações passando a ser transmitido de homem para homem, originando uma pandemia de gripe. A Organização Mundial da Saúde elegeu o oseltamivir como um dos medicamentos eficazes no tratamento das pessoas infectadas com o H5N1, a estirpe da gripe das aves que se transmite ao homem.
A corrida às farmácias fez esgotar os stocks do produto não só em Portugal, mas também em países como a vizinha Espanha.
Um número crescente de países está a fazer reservas do medicamento, cujo processo de fabrico é demorado e ao qual a Roche não está a conseguir dar resposta. Neste momento o laboratório já aumentou a produção e admitiu, na semana passada, estar a negociar com quatro laboratórios de genéricos para conseguir responder às encomendas de mais de 40 países, incluindo Portugal.
A encomenda do medicamento feita pelo Governo português só estará concluída em 2006. Neste momento, as autoridades sanitárias nacionais têm apenas 1100 doses disponíveis, que se destinam ao tratamento de grupos de risco. Os 2,5 milhões de doses encomendadas para tratar a população em geral apenas deverão chegar em meados do próximo ano.

Alemanha confirma presença da doença num grupo de gansos

Catarina Gomes
Apesar de infectados com o vírus, os animais poderão ter morrido por envenenamento
Um grupo de gansos selvagens encontrados mortos na zona ocidental da Alemanha estavam infectados com gripe das aves, revelaram ontem análises preliminares. Não se sabe ainda se se trata da estirpe mais perigosa para o homem (a H5N1), refere a AFP.
Apesar de as aves encontradas à beira de um lago de Neuwied terem revelado a presença do vírus da gripe das aves, os animais não terão morrido dessa causa, mas sim de envenenamento, precisou o Ministério regional do Ambiente da Renânia-Palatinado. Serão precisos mais testes para confirmar o vírus e descobrir se se trata da estirpe H5N1, que foi responsável pela morte de mais de 60 pessoas na Ásia desde 2003, referiu Stefan Brent, o responsável pelo departamento que está a efectuar os testes, segundo a Associated Press.
Brent desdramatizou os dados, dizendo que cerca de cinco por cento das aves selvagens deverão ser portadoras de alguma forma de gripe das aves. Declarou ainda que as análises "não são uma descoberta sensacional".
Os analistas encontraram vestígios de veneno de rato no estômago de 12 dos 22 gansos mortos e fizeram saber que os primeiros resultados revelavam também gripe das aves. Mas a causa mais provável de morte dos animais seria o veneno.
O lago onde as aves foram descobertas é uma zona habitual de descanso de aves migratórias provenientes do Norte da Europa. Os serviços veterinários da Baixa-Saxónia (Norte) anunciaram, por seu lado, a descoberta de quatro cadáveres de gansos. Os exames estão em curso mas os veterinários põem para já de parte a possibilidade de se tratar de gripe das aves.
Foram entretanto vários os governos europeus que tomaram a iniciativa de adoptar medidas a nível nacional. A Espanha criou uma lista de 18 zonas de risco para a gripe das aves em torno (num raio de dez quilómetros) das quais será proibida a criação de aves ao livre, anunciou ontem o Ministério da Agricultura.
Estes 18 pontos sensíveis, situados nas zonas húmidas do litoral espanhol, entre a Catalunha e a Andaluzia e na ilha de Maiorca (Baleares), caracterizam-se por uma densidade média anual superior de seis mil pássaros. Já a França ordenou o encerramento em aviários de mais de um quinto das aves domésticas, com receio de que possam ser contagiadas por aves migratórias e introduzir a doença no país (Publico)

Análises a aves mortas em Peniche, Setúbal e Sesimbra deram resultado negativo

Ana Fernandes
As aves marinhas que foram encontradas em Peniche, Setúbal e Sesimbra não têm gripe das aves, anunciou ontem, numa conferência de imprensa em Lisboa, a Comissão de Acompanhamento da Gripe Aviária. O resultado das análises deu negativo, faltando agora saber o que indicam os testes que estão a ser feito às galinhas recolhidas em Santa Maria da Feira, cujos resultados deverão ser conhecidos hoje.
Também as "mortalidades anormais em pombos e rolos" que têm sido detectadas, explicou o director-geral de Veterinária, Carlos Agrela Pinheiro, se devem à Doença de Newcastle e não à temida gripe, embora os sintomas sejam semelhantes. Esta doença, apesar de dramática para as aves, não se transmite a seres humanos. Porém, quando ocorre entre as aves de capoeira, obriga a medidas de contenção como as que estão previstas para a gripe das aves, para evitar que se espalhe.
Quanto ao dono do galinheiro onde foram encontradas galinhas mortas e que foi anteontem internado no Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira (ver texto na página ao lado), Agrela Pinheiro disse que, "apesar do quadro clínico não sugerir qualquer doença relacionada com a gripe das aves, as autoridades de saúde decidiram, tendo em conta o contexto epidemiológico, isto é, a posse de aves supostamente doentes de causa ainda desconhecida, proceder ao internamento para a realização de exames de diagnóstico".
O Laboratório Nacional de Investigação Veterinária recebeu, até ontem, 537 amostras de fezes e órgãos e cerca de três mil soros para analisar. Até agora todos os resultados têm vindo negativos - portanto, concluiu Agrela Pinheiro, não há, por ora, "motivo para alarme e mesmo preocupação".
Vacinar nalguns zoos
O director-geral de Veterinária adiantou ainda que está em análise a hipótese de vacinar as aves existentes em jardins zoológicos que se situam perto de zonas de risco, como é o caso de áreas com aviários ou zonas húmidas. As autoridades nacionais estão a fazer um levantamento dessas situações para poder actuar se o comité veterinário da União Europeia aconselhar a vacinação.
A Comissão de Acompanhamento da Gripe Aviária tentou apelar à tranquilidade, tanto mais que o alarme que se gerou à volta da descoberta, anteontem, dos gansos-patola mortos em Peniche chegou à União Europeia, que questionou sobre a anormal mortandade de gansos.
Acontece que, apesar de em Portugal se chamar assim a esta espécie, não quer dizer que os gansos-patola sejam gansos. Estas aves marinhas - que costumam aparecer mortas nas praias com alguma frequência durante o Outono e o Inverno - são pelicaniformes, isto é, a ordem que agrega pelicanos e corvos-marinhos, entre outros.
Não foi só em Portugal que os testes a aves mortas deram resultados negativos quanto à presença de gripe das aves. A mesma conclusão revelam os primeiros exames a um cisne morto na Eslovénia, anunciaram ontem as autoridades veterinárias do país, citadas pela AFP.O cisne tinha sido encontrado na segunda-feira, numa das regiões fronteiriças com a Croácia, onde o Governo impôs o encerramento das aves criadas a céu aberto dentro dos aviários, a fim de prevenir surtos da doença na Eslovénia. Na Croácia, em contrapartida, os testes a vários cisnes descobertos mortos deram positivo (Publico)

Pombos nas cidades não são espécie de risco e não há que recear os jardins

Os citadinos não necessitam de ter grandes preocupações com os pombos que povoam as cidades. Segundo o director-geral de Veterinária, Carlos Agrela Pinheiro, "a Comissão Europeia não considerou esta espécie como de risco" para a transmissão da doença.
Além disso, "estudos da EFSA [Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar] indicam que os pombos não têm um papel relevante na doença", acrescentou.
Questionado ontem sobre eventuais cuidados a ter nos jardins públicos onde muitas vezes há lagos com patos, este responsável sublinhou que os cidadãos devem ter "os cuidados normais de higiene", como por exemplo lavar as mãos depois de terem estado em contacto com estas aves.
Mas rejeitou a necessidade de se tomarem, para já, precauções: "Não temos o vírus em Portugal, portanto não vamos tomar medidas irracionais como proibir as pessoas de ir aos jardins ou matar os animais."

terça-feira, outubro 25, 2005

Portugal: Resultados das análises a proprietário de galinheiro internado conhecidas hoje

Um homem, proprietário de uma capoeira em Santa Maria da Feira onde várias galinhas apareceram mortas sem causa conhecida, está internado desde ontem no Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira, como "medida de diagnóstico precoce e protecção", segundo o director-geral de Saúde. O Instituto Ricardo Jorge deverá divulgar hoje os resultados das análises a que foi submetido o indivíduo.
Embora Francisco George, director-geral de Saúde, tenha recusado falar em gripe das aves, informou que estão também a ser efectuadas análises às galinhas mortas.Fonte hospitalar disse à TSF que o homem já foi assistido e que lhe foi administrado o medicamento Tamiflu, nome comercial da substância mais eficaz no combate à doença, o oseltamivir.Francisco George garantiu "não estar muito preocupado" com este caso, "bem pelo contrário". "Constato que os mecanismos adoptados estão a funcionar", disse, recordando que até ao momento não surgiu em Portugal qualquer tipo de contaminação pela gripe das aves."Os portugueses não vão ter problemas no imediato. Em Portugal não há qualquer sinal de que a gripe das aves tenha chegado nem há qualquer medida de protecção a ser tomada", garantiu.O director-geral de Saúde deixou claro que neste momento "os portugueses podem comer os derivados de aves, ovos inclusive", visto não haver, em termos sanitários, "qualquer restrição".Também ontem, doze gansos patola e cinco gaivotas foram encontrados mortos na praia, em Peniche, e o Laboratório de Investigação Veterinária recolheu as aves para análise. Os resultados das análises às aves de Peniche serão conhecidos hoje, revelados pelo Laboratório Nacional de Investigação Veterinária.O ministro da Agricultura, Jaime Silva, estimou que um eventual foco de gripe das aves numa zona de Portugal com grande concentração de aviários, como a Beira Litoral, poderá custar ao país 17 milhões de euros. O vírus da gripe das aves tem uma estirpe particularmente virulenta. Trata-se da estirpe H5, subtipo N1, que já matou mais de 60 pessoas na Ásia e motivou o abate de milhões de aves desde 2003. Foram detectados focos da doença em aves na Rússia e Croácia. Pensou-se que o vírus estaria presente na Roménia, Turquia e Reino Unido, mas a hipótese não se confirmou. Na Europa não se registou qualquer caso em seres humanos (Publico e Lusa)

segunda-feira, outubro 24, 2005

Navio colocado em quarentena num porto de Malta

Um navio com pavilhão de Chipre foi colocado hoje em quarentena no porto de La Valetta, em Malta, depois de terem sido encontradas duas galinhas mortas a bordo.
A Protecção Civil de Malta deu ordens para que a tripulação permaneça a bordo e para que ninguém tenha acesso ao navio.O "Nordsuk" partira de Taiwan e faria a sua última escala em Djeddah, na Arábida Saudita.Mireille Vella, responsável dos serviços veterinários de Malta, disse que a quarentena é "uma medida de precaução". Esta noite serão realizadas análises para determinar a causa da morte dos animais

Novo foco de gripe das aves detectado na Rússia

As autoridades sanitárias russas detectaram um novo foco de gripe das aves na região de Altai, no sul da Sibéria. Os ministros europeus da Agricultura, que se reúnem hoje em Bruxelas, deverão decretar a imposição de um embargo à importação de aves vivas por parte de todos os 25 Estados membros da União Europeia.
Um porta-voz do ministério russo para as situações de emergência, citado pelas agências noticiosas do país, explicou que o foco foi detectado na aldeia de Pokrovka, que já está em quarentena. Foram descobertos anticorpos da gripe em 56 aves mortas em sete explorações agrícolas daquela região.Um laboratório em Novossibirsk já está a processar as colheitas de sangue dos animais e os testes deverão confirmar a presença do vírus, segundo a agência Ria-Novosti.Na semana passada tinham sido descobertos novos focos de gripe das aves na região de Tcheliabinsk, nos Urais, e em Tula, menos de 300 quilómetros a sul de Moscovo.Depois de ter sido detectada pela primeira vez em Julho passado, a gripe das aves já chegou a sete regiões russas. Na quinta-feira passada, a Comissão Europeia decidiu proibir a importação de aves e de penas provenientes da maioria dessas regiões.A questão da gripe das aves é um dos pontos principais da reunião de hoje dos ministros europeus da Agricultura, em Bruxelas. Deste encontro deverá resultar a imposição de um embargo à importação de aves vivas por parte dos 25 Estados membros.A proposta britânica de decretar a proibição de todas as importações de aves na Europa é acolhida favoravelmente por vários Estados membros, segundo uma fonte comunitária citada pela AFP. Para já, a única certeza é o fim das importações de aves pela União Europeia provenientes da Croácia, onde foi detectado o vírus da gripe das aves, embora ainda se desconheça a estirpe (Publico)

Países africanos tomam medidas

Alguns países africanos estão a tomar medidas de prevenção contra a gripe das aves. A República do Congo proibiu importações de aves de países afectados pela doença e exortou os importadores a exigir certificados sanitários para as encomendas já feitas. O Quénia adoptou medidas semelhantes. Já no Sudão foram interditadas todas as importações de aves. Na África do Sul, o laboratório nacional de veterinária pediu a cientistas de Durban, Port Elisabeth e no litoral Oeste do Cabo para recolherem fezes de aves para análise

Câmara de Santarém suspende feira de aves e animais de companhia

A edição de Dezembro da feira Avisan - Exposição de Aves e Animais de Companhia foi suspensa pelo Centro Nacional de Exposições (Cnema) de Santarém devido ao risco de gripe das aves.
O "evento previsto para o próximo mês de Dezembro, foi cancelado devido à influenza aviária (gripe das aves), um problema que está a preocupar as autoridades da União Europeia", indica o Cnema, que obedece assim a indicações da autarquia.Segundo o Serviço de Sanidade e Higiene Pública Veterinária da Câmara Municipal de Santarém, "devido à influenza aviária na Europa, e tendo como objectivo o reforço das medidas tendentes a combater a referida doença, serão proibidas a exposição e/ou venda de aves, nas feiras e mercados existentes no Concelho de Santarém, a partir do dia 26 de Outubro de 2005".A Avisan é tradicionalmente um dos momentos altos do Cnema, com a presença de milhares de visitantes naquele que é considerado um dos maiores mercados de aves do país

América teme gripe leve na Colômbia

A gripe aviária está a preocupar também a América Latina, depois da ocorrência de um caso na Colômbia, embora causado pela estirpe pouco violenta do vírus - inofensiva para o ser humano.Os países do bloco andino (Chile, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela) vão reunir-se amanhã para discutir medidas comuns de prevenção. Cinco Estados - Venezuela, Bolívia, Peru, Equador e Panamá - já suspenderam as importações de frangos e produtos derivados da Colômbia. O caso colombiano também será abordado, na sexta-feira, numa reunião dos países do Mercosul - Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai

Croácia regista novo foco suspeito de gripe das aves

As autoridades sanitárias da Croácia estão a fazer análises a 13 cisnes que foram encontrados mortos este fim-de-semana perto do Parque Nacional local, onde foi confirmado que outros seis cisnes estavam infectados com a gripe das aves.
Os 13 cisnes mortos são do mesmo bando dos seis animais identificados na semana passada.Segundo as informações do Ministério da Agricultura croata, há ainda outro animal sob suspeita. Trata-se de outro cisne que apresenta sintomas que poderão ser de gripe aviária, no nordeste do país, numa aldeia de Baranjsko Petrovo Selo, próxima da fronteira com a Hungria. O porta-voz da tutela, Mladen Pavic, precisou que o animal foi identificado por veterinários locais e que está a ser monitorizado até que haja autorização para o abater. A autorização é obrigatória, visto que os cisnes são uma espécie em perigo.As autoridades da Croácia já mandaram abater 13 mil animais de criação doméstica, que foram incinerados

Gripe das aves: farmácias oferecem-se para distribuir medicamento sem custos

A Associação Nacional de Farmácias (ANF) disponibilizou os seus 2800 associados para a distribuição gratuita do medicamento contra a gripe das aves num cenário de pandemia.
Fonte da ANF disse à Lusa que a oferta foi feita através de uma carta do presidente da associação ao ministro da Saúde, na qual é disponibilizada a rede das farmácias para a distribuição do fármaco.O medicamento em questão é o oseltamivir (substância activa) e consta da reserva portuguesa contra uma eventual pandemia de gripe das aves. A ANF ofereceu-se para que as farmácias possam fazer esta distribuição "sem custos para o utente ou para o Serviço Nacional de Saúde", segundo fonte da associação. A associação ofereceu-se ainda para que as farmácias se constituam como "centros de prevenção e informação" à população sobre a gripe das aves.Segundo a Direcção-Geral da Saúde, Portugal já tem 1100 tratamentos completos do oseltamivir em cápsulas e esta reserva será reforçada em Janeiro com mais dez mil tratamentos completos, também em cápsulas. Cerca de dois meses depois, deverão chegar a Portugal 2,5 milhões de doses encomendadas pelo Governo.Em caso de pandemia, o medicamento será distribuído gratuitamente através dos serviços do Ministério da Saúde (centros de saúde e hospitais).Um comunicado do Ministério da Saúde indica que este "tem registado ofertas de cooperação de várias empresas de medicamentos, nacionais e estrangeiras, e da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma)".A oferta relaciona-se com o "acondicionamento de anti-virais" e a "eventual produção de vacinas em grandes quantidades, no caso de se verificar a transmissão de um novo vírus da gripe entre os seres humanos".O Ministério da Saúde acrescenta que "estas manifestações de cooperação" serão "devidamente enquadradas no Plano de Contingência para a Pandemia da Gripe". (Lusa)

Dezassete aves encontradas mortas em Peniche vão ser analisadas

Cinco gaivotas e 12 gansos-patola encontrados mortos entre as praias da Consolação e do Molhe Leste, em Peniche, vão ser analisados pelo Laboratório de Investigação Veterinária. Fonte da Câmara de Peniche disse à agência Lusa que a recolha foi iniciada ao início da tarde de hoje pela Direcção de Serviços de Veterinária do Núcleo de Intervenção Veterinária das Caldas da Rainha, dependente da direcção regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste.A existência de patos mortos naquela zona de praias foi comunicada hoje de manhã à autarquia por um habitante de Peniche.Fonte do gabinete do ministro da Agricultura disse que a situação está a ser acompanhada pelos respectivos serviços

Bruxelas propõe amanhã embargo à importação de aves selvagens vivas

Face à multiplicação dos casos suspeitos de gripe das aves e dos falsos alertas, a Comissão Europeia anunciou que vai propor amanhã aos 25 Estados membros da União Europeia (UE) o embargo às importações de aves selvagens vivas, revelou o comissário para a Saúde, Markos Kyprianou, no Luxemburgo.
Em Copenhaga, antes da abertura de uma reunião de três dias dos responsáveis da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Comissão Europeia, o director do departamento europeu da OMS, Gudjon Magnusson, mostrou-se muito optimista.“Ao preparar-se de forma adequada e passar à acção, a Europa poderá evitar a situação que vemos na Ásia”, a região mais ameaçada, disse Magnusson em conferência de imprensa.“É importante não descuidar os esforços na Europa neste momento, mas o coração da guerra contra a gripe das aves é a Ásia. A Europa tem excelentes hipóteses de conter o vírus”.As 60 vítimas mortais da gripe das aves no mundo foram todas registadas na Ásia. A ONU está especialmente preocupada com a Indonésia, um dos países mais populosos do mundo. A FAO (Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura) anunciou que vai enviar para aquele país uma “equipa de intervenção composta por peritos”, entre eles Peter Roeder.Em Otava, os ministros da Saúde e especialistas de 30 países estiveram reunidos para analisar os meios de enfrentar uma eventual pandemia.ONU lembra que aves selvagens não são a causa real do problemaDesignar as aves selvagens como os principais vectores de expansão da gripe das aves é contraprodutivo quando as raízes do mal devem ser procuradas nos métodos de produção intensiva de aves domésticas, insurgiu-se hoje o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA).Os representantes de nove organizações internacionais – entre eles quatro agências da ONU – reunidos hoje em Bona, Alemanha, num grupo de trabalho criado pelo PNUA, denunciaram a “histeria” mediática que envolve a transmissão do vírus H5N1 da gripe das aves. Este grupo de trabalho defende controlos mais apertados ao comércio e transporte de aves selvagens e domésticas.“Arriscamo-nos a perder um tempo precioso ao apontar o dedo às aves selvagens, quando as causas reais do mal devem ser procuradas nas práticas de produção de aves domésticas (...) com condições favoráveis à transmissão e mutação do vírus”, disse um dos participantes, William Karesh, director dos programas veterinários da Sociedade de Conservação da Natureza (WCS).Colin Galbraith, presidente da Convenção da ONU sobre espécies migradoras, adoptada em Bona em 1979, lembrou as incertezas sobre as condições de transmissão do vírus entre aves selvagens e domésticas e considerou urgente estudar como evolui o vírus nas aves selvagens que o contraem, bem como quais as rotas migratórias que encerram a maior ameaça de transmissão (Publico)

domingo, outubro 23, 2005

África é próxima paragem

joana ferreira da costa e ricardo garcia
O Médio Oriente e a África de Leste poderão ser a próxima paragem na rota da gripe aviária. A Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), teme que o vírus se continue a propagar ao longo das rotas migratórias, mas sobretudo que chegue à África de Leste, onde o controlo veterinário e o abate de animais infectados será mais difícil.Apesar de os focos da doença detectados até agora na Rússia, Roménia e Turquia coincidirem com uma importante rota de migração, não se sabe com precisão que papel as aves migratórias estão a ter na dispersão da estirpe mais letal do vírus da gripe, o H5N1. As aves aquáticas são "o reservatório natural do vírus da gripe aviária", segundo uma nota informativa da Direcção-Geral de Saúde. Mais resistentes à doença, os patos selvagens podem transportar o vírus a grandes distâncias, contaminando posteriormente outras aves.Com as rotas de migração a penetrarem no continente africano de Norte a Sul, existe uma possibilidade teórica de o vírus chegar a países subsarianos. As aves migratórias deverão também chegar aos países africanos do vale do Rift, nomeadamente à Etiópia, ao Quénia e à Tanzânia, entre Dezembro e Março. O responsável veterinário da FAO alertava esta semana para a importância dos países do médio Oriente e do Norte de África se prevenirem contra o vírus aviário. Sobretudo nos "países do Leste africano, onde os serviços veterinários, devido a múltiplos constrangimentos, terão dificuldades em montar uma resposta à gripe das aves, quer através do abate de animais infectados quer da vacinação", defendeu Joseph Domenech.Mas há uma série de factores que podem limitar este risco. Quer ao nível da penetração do vírus no continente africano, quer na sua disseminação aos animais e ao homem.O ornitólogo Rui Rufino diz que os patos têm migrações mais curtas. Além disso, a probabilidade de contágio de outras aves vai depender de condições climáticas: num período mais seco, as aves estão mais concentradas nas poucas áreas alagadas, aumentando o risco de contágio.África pode funcionar como uma zona de mesclagem de aves de diferentes rotas migratórias. A área imediatamente a sul do Sara está ocasionalmente pejada de zonas húmidas, onde muitas aves aquáticas passam o Inverno. Sempre acaba por haver alguma mistura da avifauna.Quanto à possibilidade de o vírus aviário se dispersar e infectar seres humanos, apesar de existir, será bastante mais reduzido em África do que nos países asiáticos, defende o director do Instituto de Medicina Tropical, Jorge Torgal. "Em em África não existem grandes explorações e as pessoas não vivem muito próximas dos animais, que circulam ao ar livre", explica. Também para Armando Lousã, professor de saúde pública na Faculdade de Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa, a Ásia é a região do mundo mais susceptível ao disseminar da doença. "Em África as aves são criadas junto aos aglomerados urbanos e não têm a densidade que existe em Ásia". A existência de surtos isolados no continente africano é uma hipótese e por isso é fundamental a adopção de medidas preventivas, concluiu. Marrocos, Senegal, Egípto, Quénia, Uganda, Ruanda, Tanzânia e a Etiópia anunciaram esta semana a adopção de medidas de prevenção contra o vírus (Publico)

DESTAQUE

O que são os vírus?
Os vírus encontram-se no limiar entre o mundo dos seres vivos e o dos não vivos. São inertes, mas quando entram numa célula podem tornar-se activos. Não dispondo de instrumentos próprios para sobreviverem, têm de se inserir no circuito vital da célula hospedeira, que funciona como uma máquina reprodutora do vírus. Grande parte do ciclo de vida do vírus está dependente da "maquinaria" da célula hospedeira, o que restringe as possibilidades de criação de novos medicamentos antigripais.
Por que há tão poucas armas contra os vírus?
A imunização com vacinas é uma das armas contra os vírus como o da gripe. As vacinas incorporam partículas virais inactivadas ou hemaglutinina purificada das estirpes correntes na população, a saber, H3N2 e H1N1. No entanto, dada a velocidade de evolução das estirpes de "Influenza", a composição das vacinas tem que ser mudada frequentemente. As alterações podem levar seis meses a fazer, sem contar com os testes de segurança da vacina. O tamanho da população também coloca problemas, o que limita a eficiência de uma vacina na profilaxia de uma pandemia de gripe.
Que medicamentos se podem usar contra a gripe?
Os antibióticos não actuam contra infecções virais. Mas são frequentemente prescritos contra infecções bacterianas secundárias. Os antivirais colocam um problema: dada a instabilidade genética dos vírus, estimulam-os a ganhar resistência aos medicamentos, que deixam de fazer efeito.Os antivirais mais usados, zanamivir e oseltamivir, bloqueiam a proteína de superfície do vírus neuramidase, o que impede a libertação de novos vírus. Há menos medicamentos antivirais que antibacterianos porque grande parte do ciclo do virus está dependente da "maquinaria" da célula hospedeira. Há medicamentos que aniquilariam o vírus, mas que também atacariam a célula. Esse é o caso do amantadine e do rimantadine, que inibem uma proteína necessária para a libertação do património genético do vírus (ARN) e que, por provocarem reações adversas, têm uma utilização clínica restricta. Isto faz com que a investigação procure medicamentos que tenham como alvo moléculas únicas ao vírus. Quanto mais detalhada for a informação acerca dos vírus, mais próximo estaremosde medicamentos que sejam eficazes. Ana Domingos (Publico)

Autoridades actualizam medidas de biossegurança

A proibição de mercados avícolas e de eventos em que se utilizem aves constam de um conjunto de medidas de biossegurança visando reduzir o risco de transmissão da gripe das aves, anuncia hoje um comunicado do Direcção Geral de Veterinária.
De acordo com o documento, a actualização das medidas de prevenção foi decidida quinta-feira face à existência de evidências circunstanciais e dados que sugerem que o vírus se propagou da Ásia Central para outros países "através de aves migradoras", havendo o risco de transmissão do vírus às aves de capoeira.Assim, a Direcção Geral de Veterinária determinou que "são proibidos os mercados avícolas, espectáculos, exposições e eventos culturais nos quais se utilizem aves".No entanto, alguns casos podem ser ponderados pelos Médicos Veterinários Municipais e os Serviços Veterinários das Direcções Regionais de Agricultura.A Direcção Geral de Veterinária enviou, no dia 18, uma circular a todas as Direcções Regionais e à Associação de Criadores de Aves para o Mercado Rural com estas indicações.A gripe das aves, causada pelo vírus H5N1, matou mais de 60 pessoas no sudoeste asiático desde 2003 e vários focos foram detectados na Europa, existindo o receio de que uma mutação do vírus possa atacar os humanos.

Há vacinas para as galinhas, mas não podem ser aplicadas por rotina

Até agora, o que se tem feito para controlar os surtos de H5N1 é matar as aves em massa, para tentar debelar o foco de infecção. Mais de 140 milhões de aves foram já mortas, e esse procedimento começa a não ser considerado aceitável. Foi essa a conclusão de uma reunião de peritos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em Abril. A vacinação seria a estratégia mais eficaz, mas esta estratégia costuma esbarrar nos receios de que não se consiga distinguir os animais que têm anticorpos ao vírus porque foram vacinados dos que estarão mesmo infectados. Em último caso, isto poderia permitir ao vírus circular entre os animais sem ser detectado. No entanto, existe uma técnica que já foi usada várias vezes para distinguir as galinhas vacinadas. Foi desenvolvida em Itália, por um laboratório ligado à Organização Mundial de Saúde Animal, e é conhecida pela sigla DIVA. Por isso, a vacinação faz parte dos planos de combate à doença da Organização Mundial de Saúde, que apela à investigação para fazer vacinas contra os patos, o reservatório natural do vírus. "Mas a vacinação só deve ser aplicada em situações excepcionais, quando é declarado um foco", explicou Carlos Agrela Pinheiro, director-geral de Veterinária. "Vacinar os animais pode impedir de se saber quais os vacinados e os infectados rapidamente. Portanto, não está previsto fazê-lo como rotina", adiantou. c.b. Na falta de uma vacina contra a gripe das aves, os países estão a tentar fazer "stocks" de medicamentos antivirais. Mas esta medida recomendada pela Organização Mundial de Saúde não é de sucesso garantido. Na verdade, sabe-se muito pouco sobre a eficácia real de antivirais como o oseltamivir. "Estamos a construir uma estratégia de saúde pública com base nestas drogas, extrapolando muito a partir de poucos estudos de dimensões reduzidas", disse ao "The New York Times" Laurie Garrett, a autora do livro "The Coming Plague", sobre doenças emergentes. Até agora, o oseltamivir não era muito usado, pois apenas reduz os sintomas da gripe, sem evitar a doença. Além disso, tem de ser tomado até dois dias do início dos sintomas para fazer efeito, e não é nada barato. Em experiências divulgadas em Julho, apenas se salvaram 80 por cento dos ratinhos infectados com o H5N1 e tratados com uma dose equivalente a dez comprimidos, usada em humanos, relata a revista "New Scientist". Por outro lado, há que levar em conta que as encomendas feitas até agora do Tamiflu, o nome comercial do oseltamivir, são impossíveis de satisfazer dentro de pouco tempo. A Roche anunciou que duplicou a produção desta droga em 2004, duplicou outra vez este ano e voltará a fazê-lo em 2007. A farmacêutica não diz a quantas doses isso corresponde, mas a "New Scientist" estudou o relatório de actividades da empresa e diz que é provável representar uns 40 milhões de tratamentos por ano. E, mesmo a esse ritmo, a Roche levará dois anos só para satisfazer as encomendas que já tem. c.b. (Publico)

Novo caso detectado na Suécia

Os vírus encontram-se no limiar entre o mundo dos seres vivos e o dos não vivos. São inertes, mas quando entram numa célula podem tornar-se activos. Não dispondo de instrumentos próprios para sobreviverem, têm de se inserir no circuito vital da célula hospedeira, que funciona como uma máquina reprodutora do vírus. Grande parte do ciclo de vida do vírus está dependente da "maquinaria" da célula hospedeira, o que restringe as possibilidades de criação de novos medicamentos antigripais

Há vários protótipos de vacinas contra a gripe das aves em desenvolvimento

Clara Barata
Cientistas pedem que a população tome a vacina normal contra a gripe, para as farmacêuticas prepararem linhas de produção em grande escala
A vacina normal contra a gripe não funciona contra a gripe das aves, e não há nenhuma vacina apropriada contra o vírus H5N1, embora a Hungria tenha anunciado esta semana que um protótipo de vacina é "100 por cento eficaz". Com a ressalva de que nenhuma vacina se pode gabar de ser totalmente eficaz, o certo é que vários países e empresas estão a elaborar vacinas experimentais, e algumas estão já a fazer ensaios em humanos. Não é possível dizer se serão mesmo eficazes quando surgir uma variante do H5N1 capaz de se transmitir entre seres humanos, mas há países, como a Hungria ou a Austrália, que estão até a prometer vacinar todos os cidadãos. A União Europeia, por seu lado, está a tentar simplificar as regras de aprovação de vacinas.Uma empresa holandesa está a desenvolver uma vacina contra o H5N1 para humanos e também para aves; o ministro da Saúde da Alemanha anunciou que, até ao final do ano, o país deverá terminar um protótipo de vacina; Estados Unidos, Reino Unido, China, Canadá, Austrália, Japão, Tailândia e Vietname são outras nações que anunciaram estar a trabalhar em vacinas que possam conferir alguma protecção contra a gripe das aves. O director executivo da Agência Europeia dos Medicamentos, Thomas Lonngren, diz que se está a acelerar o processo de aprovação de uma vacina contra o vírus H5N1, quando esta surgir - o que talvez possa acontecer no início da época da gripe do ano que vem, disse à agência Reuters.A maior dificuldade em criar uma vacina contra o H5N1 está em que ainda não assumiu as características que o podem tornar epidémico, passando de pessoa para pessoa (agora, as pessoas só são infectadas através do contacto com fezes ou sangue de aves infectadas). Os vírus estão em constante mutação, o que faz com que a capa que o envolve - que é como uma casaca cheia de enfeites - esteja sempre a mudar de aspecto. Por isso, uma vacina preparada para ensinar as células do sistema imunitário a reconhecer o vírus de hoje provavelmente não será eficaz quando ele se tornar capaz de se transmitir entre seres humanos, pois os seus enfeites superficiais serão diferentes.Preparar a crise futuraMas é possível que as vacinas em que os cientistas agora estão a trabalhar confiram alguma protecção, que poderia ser reforçada com uma dose posterior ou com uma substância que potenciasse a sua acção (um adjuvante). A Agência Europeia do Medicamento poderá vir a aceitar previamente pedidos de autorização da comercialização de vacinas, que poderão ser actualizados mais tarde, quando surgir uma estirpe epidémica. "A ideia é preparar tudo para que as empresas farmacêuticas já tenham autorizações de comercialização", explicou Thomas Lonngren."Estamos a testar uma vacina baseada no vírus da gripe das aves que actualmente infecta os humanos. Se começasse a haver transmissão de pessoa a pessoa com um vírus semelhante, seria relativamente fácil produzir mais. Mas se o vírus tiver antigénios [os enfeites à superfície] diferentes, levará o seu tempo", explicou ao jornal "The Washington Post" John Treanor, um dos principais investigadores do projecto de uma vacina contra o H5N1 financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.A empresa Sanofi-Pasteur já fez alguns ensaios clínicos. Mas os resultados mostram que seriam necessárias doses muito mais elevadas do que o normal para desencadear uma resposta imunitária (90 microgramas de vírus morto, contra os 15 a 45 microgramas das vacinas para a gripe comuns). Esta vacina foi testada sem um adjuvante, mas a maior parte dos países não tem legislação que autorize o uso destas substâncias nas vacinas da gripe, pelo que este é um dos obstáculos burocráticos a ultrapassar, diz a revista "Nature."Produção é lentae feita em ovosMas o facto de ser necessária uma dose grande significa que a produção das vacinas seria ainda mais lenta que o habitual. Não seria possível produzir mais do que 75 milhões de doses por ano, diz a revista "New Scientist". O método de produção das vacinas é moroso: implica injectar duas estirpes diferentes de vírus em ovos de galinha fertilizados: uma versão "selvagem", que causa doença, e uma modificada em laboratório, menos agressiva, que prolifere bem nos ovos. O que se espera é que os dois se recombinem num vírus que possa ser usado numa vacina. Isto leva muito tempo, e há agora tentativas de utilizar uma nova técnica, denominada genética inversa, para recombinar os dois tipos de vírus em laboratório, sem ter de usar os ovos de galinha como intermediários. Mas esta técnica está protegida por patente, e para fazer experiências com ela é preciso pagar à empresa que a detém, pelo que este é outro obstáculo que está a atrasar o desenvolvimento de vacinas.Outra questão é a capacidade de produção de vacinas: grande parte das fábricas (70 por cento) está na Europa, e têm uma capacidade limitada de produção. Por isso, peritos em saúde pública têm apelado à vacinação com a vulgar vacina da gripe este Inverno, para que o aumento da procura permita às farmacêuticas ir aumentado a sua capacidade de produção. Os governos europeus devem garantir que pelo menos um terço da população se vacina este Inverno, alertou Albert Osterhaus, da Universidade Erasmus de Roterdão, na Holanda, secretário do Grupo de Trabalho Científico Europeu sobre a Gripe. Não é que a vacina normal proteja contra a gripe das aves, mas isto permite que as farmacêuticas tenham uma linha de produção preparada para libertar grandes quantidades de vacinas, o mais rapidamente possível, no momento em que o H5N1 se tornar epidémico. "O perigo do bioterrorismo, hoje em dia, vem da natureza", disse Osterhaus à agência AP, apelando ao investimento dos governos europeus em protótipos de vacinas (Publico)

Reino Unido quer proibir importações de aves na UE

Sofia Rodrigues
Autoridades britânicas e croatas aguardam resultados dos testes para saber se os seus respectivos casos de gripe das aves têm a estirpe mortal. Na Rússia, surgiu mais um foco de infecçãoO Governo britânico pediu ontem que União Europeia proíba as importações de aves como forma de evitar a propagação da gripe das aves. Na Croácia, as autoridades isolaram a zona onde há casos confirmados do vírus e vão eliminar milhares de aves nos próximos dias. A Rússia foi ontem confrontada com mais um surto nos Montes Urais. Um dia depois de ter sido confirmado no Reino Unido o primeiro caso de gripe das aves num papagaio que estava de quarentena, o Governo britânico - que detém a presidência da União Europeia - pediu formalmente a Bruxelas que decrete o embargo de todas as importações de aves vivas nos 25 Estados-membros. É considerada uma medida de precaução, já que os cientistas continuam a fazer testes à ave infectada para saber se a responsável pela morte do animal foi a estirpe H5N1, a variante que já matou 60 pessoas na Ásia. O papagaio fazia parte de um lote de outros 148 importados do Suriname, na América do Sul, e ficou em regime de quarentena na mesma unidade que outra remessa de aves provenientes de Taiwan. As autoridades do Suriname vieram ontem a público garantir que o animal não estava doente quando saiu do país. Outro foco de infecção de gripe das Aves surgiu ontem na Rússia, nos Montes Urais. Os testes preliminares indicam que foi a estirpe H5N1 a responsável pela morte de 30 galinhas na cidade de Sunaly, na região Chelyabink, a 1,900 quilómetros de Moscovo. As autoridades locais estão a vigiar sete pessoas que estiveram em contacto com as aves. Na Croácia, as autoridades desdobraram-se ontem em medidas para prevenir a propagação da gripe aviaria, depois do vírus H5 ter sido detectado em cisnes mortos em lagos situados a 150 quilómetros da capital Zagreb, a este do país. É também ainda desconhecido se o vírus encontrado é o H5N1. Num raio de três quilómetros vão ser abatidas todas as aves, isto é, dez mil animais. A região afectada foi isolada. A polícia bloqueou as estradas de acesso aos lagos, situado em terras férteis de milho, e construiu postos de controlo, onde os poucos carros e pessoas autorizadas a entrar ou a sair são desinfectados. Como medida de prevenção, foi também proibida a caça aos pássaros. "Os cisnes estavam a agir de forma estranha. Voavam em círculos", descreveu Zvonko Zagar, um guarda do parque nacional, próximo dos lagos, e observador da vida selvagem na região há 30 anos. Perante a situação nos países vizinhos, a Itália já anunciou a proibição das importações de aves vivas da Croácia e da Roménia. Na Ásia, as autoridades tailandesas voltaram a garantir que o pai e o filho infectados com gripe das aves não transmitiram o vírus um ao outro. O rapaz, de sete anos, que acusou o vírus H5N1 já não tem febre nem infecção nos pulmões e deverá regressar a casa dentro de duas semanas, depois de terminar o período de quarentena de 21 dias.A mutação do vírus e a possibilidade de se transmitir entre os humanos é o maior receio em todo o mundo, já que a doença pode tornar-se numa pandemia. A China avisa que fechará as fronteiras quando encontrar o primeiro caso de transmissão da gripe das aves entre homens. A prioridade será salvar vidas, mesmo que isso implique um abrandamento da economia, assegurou o vice-ministro da Saúde Huang Jiefu, citado pelo jornal South China Morning Post (Publico)

Virus detectado na Suécia não é o H5N1

Exames efectuados a um dos patos que morreu na Suécia revelaram que na origem da sua morte não está o H5N1, a mais perigosa estirpe do vírus causador da gripe das aves, avançou hoje a agência noticiosa sueca TT, citando a Direcção Nacional Agrícola daquele país.
Ontem, testes efectuados pelo Instituto Veterinário nacional sueco (SVA) a quatro de sete patos encontrados mortos em Eskilstuna, cem quilómetros a Oeste de Estocolmo, revelaram-se positivos ao vírus da gripe das aves para um dos animais, sem que pudesse ser confirmada a presença do H5N1.Hoje, a TT revela que as análises feitas pelo SVA concluem que o vírus detectado é uma variante menos perigosa.“Os exames mostraram que o pato estava infectado com uma variante mais branda do vírus H5, o que significa que a estirpe agressiva encontrada na Ásia e na Rússia e que chegou à Turquia e à Roméninão atingiu a Suécia”, afirmou Leif Denneberg, chefe do Instituto de Veterinária sueco. Segundo Denneberg, os patos morreram provavelmente de outra doença, considerando que não há motivos para alarme. Depois destes resultados, a Direcção Nacional Agrícola Sueca sustenta que não há motivos para alterar as suas recomendações de segurança. Os proprietários de aves de capoeira suecos não serão por isso obrigados a encerrá-las, tal como aconteceu na Noruega.A variante H5N1 do vírus responsável pela gripe das aves matou mais de 60 pessoas na Ásia, nos últimos dois anos.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Situação na China "é grave"

Açores reforçam vigilância nos portos e nos aeroportos

As autoridades dos Açores vão reforçar a vigilância nos portos e nos aeroportos, no âmbito do plano de contingência nacional para prevenir um eventual foco de gripe das aves, anunciou hoje o director dos serviços de veterinária da região.
Hernani Martins, que participou em Lisboa numa reunião com as autoridades nacionais sobre este assunto, adiantou que o plano "estabelece também uma maior vigilância dos aviários regionais".As medidas visam ainda preparar todas as ilhas, com meios humanos e técnicos, para reagir de imediato no caso do aparecimento de algum foco da doença, disse o director de serviços de veterinária.O responsável adiantou que na região há 14 aviários - uma dezena na ilha de São Miguel e os restantes na ilha Terceira - cuja produção de aves e ovos é suficiente para o consumo interno. E existem também muitos galinheiros privados e pombais que serão igualmente controlados.Podem verificar-se importações de patos (muito reduzidas) e de perus, com maior incidência na época do Natal, sublinhou Hernani Martins.Quanto à questão das aves migratórias, o responsável pelos serviços veterinários dos Açores salientou que "será muito difícil haver uma contaminação por essa via".

Governo diz-se atento à gripe das aves e recusa alarmismo

O Governo afirmou hoje estar "atento", "preocupado" e "preparado" para responder a uma eventual propagação da gripe das aves, mas recusou qualquer tipo de alarmismo face à probabilidade da doença poder atingir o território português.
As posições foram assumidas em conferência de imprensa pelo ministro da Agricultura, Jaime Silva, e pelo secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos, no final da reunião do Conselho de Ministros, com ambos os responsáveis do Executivo a acentuarem a ideia de que "Portugal não tem hoje qualquer problema sanitário".Segundo o ministro da Agricultura, de forma a acautelar a possibilidade de algum foco ter surgido já em Portugal, foram realizadas três mil análises em zonas de risco - áreas de passagem de aves migratórias e localização de grandes aviários -, "mas não se verificou um único resultado positivo".Jaime Silva e Francisco Ramos disseram que o Governo tem já no terreno um grupo de acompanhamento para a gripe das aves e que, em breve, "estará concluída a revisão" do plano de contingência face à hipótese de Portugal ser atingido pela gripe das aves.Portugal já realizou um exercício de simulaçãoEntre outras medidas, de acordo com o ministro da Agricultura, Portugal já realizou um exercício de simulação, prevendo o abate de todas as aves num raio de três quilómetros e o isolamento da área em que se localizou o surto num raio de dez quilómetros."Estamos preocupados mas tranquilos", porque "não há sinais de alarme", afirmou o titular da pasta da Agricultura, considerando que Portugal, face à sua localização geográfica, "apresenta uma probabilidade mais baixa" de contágio do que muitos dos outros Estados-membros da União Europeia.O secretário de Estado da Saúde reconheceu a possibilidade de se assistir a prazo "a uma transmutação do vírus da gripe das aves, podendo causar uma pandemia de gripe humana"."Mas estamos longe que essa probabilidade se verifique", disse, sustentando que essa transmutação do vírus "ainda não ocorreu em qualquer parte do Mundo".Francisco Ramos adiantou que o plano de contingência na saúde "foi já validado" por cem pneumonologistas e que o país "está preparado para responder" a uma eventual pandemia.Não há atraso na recepção de vacinasO secretário de Estado da Saúde recusou também a existência de qualquer atraso na recepção de vacinas antivírus no caso de se verificar uma pandemia de gripe.Francisco Ramos afirmou que o Ministério da Saúde receberá o medicamento em três fases, tendo já sido concluída a primeira fase de entrega, seguindo-se a segunda no início de Janeiro e a terceira no início do segundo semestre do próximo ano."Também o Reino Unido receberá a terceira tranche do medicamento no segundo semestre de 2006. Não há qualquer atraso a esse nível em Portugal", garantiu ainda o mesmo membro do Governo.

Roche aceita produzir Tamiflu com outros grupos farmacêuticos

O grupo farmacêutico suíço Roche aceitou hoje acordar a emissão de licenças secundárias para que o Tamiflu, um dos únicos antivirais com alguma eficácia no combate à gripe das aves, possa ser produzido por outros fabricantes de medicamentos. Na próxima semana, o grupo deverá já reunir-se com quatro farmacêuticos, todos fabricantes de genéricos, no sentido de aumentar a produção e reservas do fármaco. A Roche tem os direitos sobre a patente do Tamiflu.
De acordo com o senador norte-americano Charles Schumer, que falava aos jornalistas no final de uma reunião com George Abercrombie, o chefe executivo da Roche North American Pharmaceuticals, o grupo farmacêutico “aceitou partilhar a sua tecnologia e os direitos de fabrico desse medicamento com outras sociedade preparadas para ajudar” na prevenção da doença. Para já, a Roche deverá reunir-se com a Teva Pharmaceutical Industries Ltd. (Israel), Barr Pharmaceuticals Inc. (EUA), Mylan Laboratories Inc. (EUA) e Ranbaxy Laboratories Ltd (Índia) para averiguar as suas capacidades para a produção do medicamento.Schumer explicou que a Roche “aceitou encontrar-se com essas empresas o mais rapidamente possível, o mais tardar na próxima semana, e reunir-se também com outras empresas que possam estar igualmente interessadas na produção de Tamiflu”. O grupo farmacêutico aceita emitir licenças secundárias para a produção do medicamento a qualquer empresa que possa fabricá-lo em quantidades suficientes.Tamiflu, conhecido genericamente como osteltamivir, é considerado um dos antivirais mais eficazes contra o H5N1, a estirpe do vírus da gripe das aves mais perigoso, já que sofre mutações com grande rapidez e tem propensão para adquirir genes de outros vírus que infectam outras espécies animais, daí a capacidade de infectar o ser humano.O Tamiflu é o anti-viral mais eficaz para combater a gripe aviária e os governos europeus estão na corrida para reforçar os seus "stocks" no caso de uma epidemia, temendo a mutação do vírus, combinada com a gripe comum, que permita o contágio entre seres humanos e gere uma pandemia à escala europeia.Cerca de 40 países, segundo a Roche, fizeram encomendas de Tamiflu. O medicamento é muito popular no Japão e tem-se mostrado eficaz face às mutações do vírus.

Gripe aviária para leigos

O que é a gripe aviária?
É uma doença das aves provocada por um vírus - que à escala dos animais representa o mesmo que a gripe nos humano -, identificada em 1878, em Itália. Em 1997, o vírus do subtipo H5N1 - do vírus da gripe «influenza», tipo A - ultrapassou a barreira da espécie, infectando 18 pessoas em Hong-Kong. Desde então, foram registados casos na Holanda, na Bélgica, no Chile, nos EUA, no Canadá e no continente asiático (China, Japão, Tailândia, Filipinas e Vietname). Recentemente, a gripe das aves surgiu na Turquia, no Cazaquistão, na Rússia e na Roménia.
A doença existe em Portugal?
Até ao momento não existem registos de qualquer caso de gripe aviária na avicultura portuguesa.
Como se transmite o vírus para as aves?
As aves migratórias, sobretudo as que vivem no meio aquático, constituem a principal via de transmissão. Também os excrementos podem conter o vírus, contaminando o solo e a água e infectando outros animais, como aves de capoeira e pombos ou até porcos. O vírus pode ser disseminado também pelos humanos que tenham tido contacto com aves ou excrementos infectados. Neste caso, a transmissão para as aves é feita através da roupa, do calçado, das mãos ou da pele.
Quais os principais sintomas de uma ave doente?
Apatia muito evidente, dificuldades respiratórias, corpo em bola, penas eriçadas, redução da produção de ovos e elevada mortalidade.
O homem pode contrair a doença?
O risco é muito baixo, mas existe. Até ao momento, só há registo de casos em pessoas que tiveram contacto directo com aves doentes. O vírus propaga-se pelo ar, entrando no organismo humano por inalação ou através das mucosas dos olhos. A doença não se transmite entre humanos.
O homem pode contrair a doença se ingerir carne de aves infectadas?
O consumo de carne e de ovos de animais doentes não leva à infecção de humanos. O vírus não sobrevive a temperaturas superiores a 60 graus e transmite-se apenas pelas vias acima referidas.
Quais os sintomas de um homem infectado com o vírus da gripe aviária?
No início, os sintomas são parecidos com os de uma gripe normal: febre alta, dificuldade em respirar e mal-estar geral. Contudo, o quadro pode agravar-se em poucos dias e, por vezes, evoluir para pneumonia.
A doença tem cura?
Sim. Novos medicamentos antivirais capazes de combater o vírus têm sido desenvolvidos com elevado potencial quimioprofiláctico, ou seja, que diminuem o risco de contágio. Os antivirais são susceptíveis também de minorar a gravidade e a duração dos sintomas da doença, evitando até a mortalidade em casos muito graves. Contudo, o H5N1 tem reaparecido com modificações e com mais resistência, impedindo a total eficácia dos antivirais e de vacinas. O primeiro antiviral recomendado, o Oseltamivir, já não é eficaz contra uma estirpe do vírus e os cientistas estão agora a recomendar a substância Zanamivir, comercializada com o nome «Relenza» pelo laboratório britânico GlaxoSmithKline.
Portugal já tem antivirais?
Sim. Portugal comprou doses da substância Oseltamivir, comercializada com o nome «Tamiflu» pela multinacional suíça Roche, suficientes para proteger 25 por cento da população. Actualmente, já está no país uma reserva para disponibilidade imediata e em Janeiro haverá um reforço. As restantes doses do antiviral vão chegar no segundo semestre de 2006. Estas doses de antiviral constituem uma reserva estratégica do Estado e não estarão disponíveis nas farmácias.
Há alguma vacina eficaz?
Não. As vacinas só serão criadas com eficiência se o vírus H5N1 sofrer uma mutação capaz de transmitir-se entre humanos. Só perante esse facto será possível conhecer qual será o tipo de vírus e, assim, fabricar a respectiva vacina. Até lá, os médicos terão de recorrer a antivirais.
Em caso de pandemia haverá vacinas em número suficiente?
Se a gripe aviária afectar vários países do mundo (pandemia), os laboratórios terão capacidade para produzir elevado número de vacinas em quatro a seis meses.
Deve-se tomar a vacina contra gripe comum?
A vacina contra a gripe comum não protege contra a infecção pelo agente responsável pela actual de gripe aviária e é recomendada só para a população de risco. Estão neste grupo os indivíduos com mais de 65 anos, as pessoas residentes ou com internamentos longos em instituições de saúde, sem-abrigo, doentes crónicos, grávidas até ao 2.º ou 3.º trimestre, profissionais de saúde e indivíduos que possam vir a estar envolvidos no abate sanitário de aves infectadas. A vacina da gripe deve ser administrada durante o presente mês de Outubro.
A gripe aviária pode chegar a Portugal?
As autoridades nacionais afirmam que, para já, é uma hipótese muito remota.
Estão a ser desenvolvidas medidas de protecção?
Sim. As importações de aves e seus produtos dos países afectados estão proibidas; os portos, aeroportos e fronteiras são fiscalizados; aves migradoras e explorações avícolas são sujeitas a exames; informação tem sido divulgada a avicultores e à população; médicos têm sido treinados; está activo um sistema de vigilância para dar resposta a qualquer suspeita da doença.
É possível viajar para países com casos de gripe aviária?
As viagens são possíveis, mas são necessários muitos cuidados. Deve ser evitado o contacto com aves vivas ou mortas; roupa e calçado usados devem ser bem lavados; após o regresso esperar pelo menos uma semana para contactar com aves; nunca trazer alimentos de origem animal de qualquer país.

Vera Lúcia Arreigoso

Húngaros produziram vacina contra a gripe das aves

A Hungria anunciou a produção de uma vacina contra o vírus H5N1 (gripe das aves), cuja eficácia “é inequívoca".O ministro húngaro da Saúde, Jeno Rãcz, revelou quarta-feira que uma vacina experimental tinha produzido anticorpos no sangue das pessoas e animais inoculados e que "os resultados preliminares indicavam que o medicamento evitava com uma segurança de 99,9 por cento" o contágio de animais a pessoas. Hoje foram conhecidos os resultados definitivos que confirmam as expectativas. Segundo fonte do governo húngaro, a vacina será gratuita na Hungria, mas no estrangeiro terá um custo de cinco a seis dólares por unidade e a capacidade de fabrico é de 500 mil por semana

Governo britânico confirma caso de gripe das aves em papagaio importado do Suriname

O Governo britânico confirmou hoje que foi identificado o vírus da gripe das aves num papagaio importado do Suriname, que havia sido colocado em quarentena no Reino Unido, revelou o Defra (Departamento para o Ambiente, Pescas e Alimentação).
A ave, que acabou por morrer, fazia parte de um lote misto de 148 animais do Suriname, na América do Sul, e de Taiwan, que tinham chegado a 16 de Setembro deste ano.Segundo uma nota do Defra, o vírus H5 foi identificado nas amostras feitas a um papagaio que morreu em quarentena. “O caso confirmado não vem alterar o estatuto de livre de doença que vigora no país porque a doença foi detectada em aves importadas, colocadas em quarentena”, explicou Debby Reynolds, da Direcção de Veterinária.O Defra garante que todas as aves estão a ser tratadas de forma humana.“Já tivemos acidentes semelhantes no passado, quando foram descobertas doenças que foram contidas com sucesso, resultado dos nossos programas de quarentena”, acrescentou Reynolds.Este é o primeiro caso de gripe das aves no Reino Unido. Esta noite, o Ministério croata da Agricultura confirmou, em comunicado, a presença do vírus da gripe das aves naquele país, em amostras retiradas a doze cegonhas encontradas mortas num lago em Zdenci.

Gripe das aves detectada em 60 espécies selvagens em vários países

O vírus da gripe das aves já foi detectado em pelo menos 60 espécies selvagens em vários países, algumas das quais, como o pardal e o pombo, abundantes em Portugal, onde a doença não foi detectada.Além daquelas duas espécies, a lista elaborada pelo Centro Nacional de Saúde da Vida Selvagem (NWHC, na sigla inglesa) dos Estados Unidos indicava ainda, em Julho último, outras espécies já atingidas pela doença e também existentes em Portugal, como a perdiz chucar, a garça real e a garça branca pequena (conhecida como carraceiro).Domingos Leitão, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), disse à Lusa que não existe razão para alarme, tendo em conta que o vírus não foi detectado em Portugal e "afecta principalmente as aves aquáticas".Em comunicado divulgado hoje, a SPEA informa que o "vírus da gripe aviária continua fora das rotas migratórias que passam em Portugal".Questionado sobre a eventual perigosidade da transmissão do vírus através do pombo torcaz, por ser uma ave migratória, Domingos Leitão afirmou que o vírus já foi detectado no pombo doméstico - mas não em Portugal -, que habitualmente circula pelas cidades, e biologicamente é possível que o torcaz possa ser igualmente afectado."Estamos na cauda da rota migratória"Contudo, "não devemos entrar em alarmismos, estamos na cauda da rota migratória destas aves e se o vírus for detectado será interceptado mais a Norte, ainda antes de chegar a Portugal", acentua o mesmo especialista.Esta ave, mais abundante nos meios rurais e florestais, chega a Portugal para passar o Inverno em grandes bandos vindos do Norte e do Leste da Europa e fixa-se principalmente no Alentejo e Ribatejo, explicou.Esta espécie alimenta-se sobretudo de bolota que encontra nos sobreiros e azinheiras, chegando a reunir na mesma "árvore-dormitório" um milhão de pombos.

Governo vai apresentar plano de esclarecimento público

O grupo de trabalho português que está a acompanhar a gripe das aves vai apresentar na próxima terça-feira um plano de esclarecimento público sobre o problema, anunciou hoje em Bragança o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Pescas.
Na mesma altura, explicou Rui Nobre Gonçalves, será feito um primeiro ponto de situação, tendo o governante adiantado algumas das conclusões que deverão ser apresentadas pelo grupo de trabalho constituído há uma semana pelos ministérios da Agricultura e da Saúde.O secretário de Estado afirmou que, "até ao momento, não foi registado nenhum caso no país". "As rotas das aves migratórias asiáticas, fonte do problema, não passam por Portugal", acrescentou."Quer as universidades, quer a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, quer a Liga da Protecção da Natureza fizeram chegar [ao Governo] pareceres que confirmam que as principais rotas das aves migratórias vindas da Ásia não passam por Portugal", disse também Rui Nobre Gonçalves.O secretário de Estado realçou, no entanto, não ser "cem por cento seguro que não haja aves migratórias contaminadas a chegar a Portugal e é por isso que existe o programa de monitorização".Já foram feitas este ano mais de cinco mil análisesSegundo adiantou, este programa, que abrange aves selvagens e de capoeira por todo o país, existe pelo menos desde 2003. No âmbito do mesmo, já foram feitas mais de dez mil análises - mil em 2003, quatro mil no ano passado e este ano mais de cinco mil, até agora."Em todas as aves, de todo o país, que têm sido analisadas no Laboratório Nacional de Veterinária, não houve ainda um único caso positivo e esperamos que não venha a haver, mas mais importante que a esperança é o controlo e a vigilância", frisou o mesmo governante.O grupo de trabalho para a gripe das aves vai apresentar um plano de esclarecimento público que envolverá uma linha telefónica de informação à população e outras formas de esclarecer dúvidas para evitar o que o secretário de Estado considerou ser "alguma confusão que se possa estar a criar".É "importante realçar que se está perante um problema de saúde animal e que ainda não se sabe se ocorrerão efeitos na saúde pública e quando ocorrerão", sublinhou."É preciso referir que a gripe das aves não se transmite directamente às pessoas. As 60 mortes que ocorreram na Ásia tiveram a ver com pessoas que trabalhavam directa e continuadamente com aves vivas", declarou."Alimentação não oferece qualquer risco"O secretário de Estado garantiu igualmente que "alimentação não oferece qualquer risco" e "as pessoas podem continuar a comer carne de aves, tomando cuidados elementares, como cozinhá-la a pelo menos 70 graus".Rui Nobre Gonçalves disse não ter qualquer confirmação dos operadores de mercado de que as recentes notícias sobre a chegada da doença à Europa tenham originado quebras nas vendas.Numa altura em que a União Europeia se prepara para proibir a venda de aves vivas em mercados, o governante admitiu que "o controlo poderá ser mais difícil em casos pontuais", como as pequenas explorações dos meios rurais, onde o produtor vende directamente ao consumidor."A mensagem que está dirigida a todas as pessoas, e em particular a todos os veterinários municipais, é que caso haja algum sinal suspeito sejam tomadas medidas imediatamente e se proceda à análise desses animais", declarou o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Pescas. "Se houver algum caso, nós estamos preparados para responder a esse problema", assegurou ainda (Publico)

quarta-feira, outubro 19, 2005

Simulação surpresa testará UE

A Comissão Europeia está a organizar um exercício de simulação surpresa para testar a capacidade de resposta dos 25 estados membros em caso de pandemia provocada pela gripe aviária. O teste vai ser realizado até ao fim do ano, mas sem aviso prévio, para que este se torne o mais realista possível.Segundo o comissário europeu responsável pela Saúde e Protecção do Consumidor, Markos Kyprianou, «este exercício irá testar a capacidade da Europa responder a uma pandemia de uma forma coordenada e efectiva». A Comissão Europeia espera um total apoio por parte dos responsáveis de centros de comando. Alguns focos da doença já foram detectados na Europa e por isso Markos Kyprianou revela uma certa preocupação. «Os especialistas dizem-nos que uma pandemia provocada pela variação humana da doença das aves é uma possibilidade real, que pode acontecer a qualquer momento dos próximos anos», disse. A simulação vai envolver diversos órgãos, como as autoridades nacionais responsáveis pela saúde pública, a Organização Mundial de Saúde e a indústria farmacêutica, entre outros (expresso)

Vírus no centro da Rússia

A gripe das aves chegou à região de Tula, 300 quilómetros a sul de Moscovo. A informação confirma, assim, a progressão do vírus para a parte europeia daquele país, disse hoje fonte do Ministério da Agricultura russo.
«Cerca de 3000 aves foram abatidas na aldeia de Iandovka, na região de Efremovski, perto de Tula, depois da descoberta do vírus da gripe das aves em sete explorações privadas», precisou o subchefe do departamento de controlo veterinário do ministério, Nikolai Vlassov. «A progressão do vírus confirma o nosso prognóstico de uma próxima globalização da epizootia», afirmou.
O responsável acrescentou ainda: «Temos praticamente a certeza de que se trata da mesma forma diagnosticada na Sibéria», a forma H5N1 transmissível ao homem. Para já, mantêm-se em curso análises complementares.

Ministra espanhola afirma que pandemia humana "é ficção científica"


A ministra espanhola da Agricultura, Elena Espinosa, afirmou hoje que a hipótese de uma pandemia humana da gripe das aves é "ficção científica". A responsável anunciou a compra de cinco milhões de vacinas suplementares para o "stock" destinado às aves de criação.
"Pensar numa pandemia entre os seres humanos é ficção científica", afirmou a ministra espanhola em entrevista à rádio Cadena Ser. Por agora - disse Elena Espinosa -, a gripe das aves "é um problema unica e exclusivamente veterinário".Mais preocupada com o problema nas aves, a ministra da Agricultura espanhola anunciou que o "stock" de vacinas contra a gripe das aves para os animais "vai ser multiplicado por dois" e que os controlos sobre as aves migratórias "será multiplicado por três".Elena Espinosa pôs de parte a possibilidade de uma campanha de vacinação intensiva das aves de criação em Espanha, "salvo se houver casos detectados em Espanha". Nesse caso, disse, "as zonas de isolamento serão impostas e nessas zonas haverá uma campanha de vacinação".O Governo espanhol decidiu ontem a compra de entre seis milões e dez milhões de doses de antivirais para assegurar a protecção dos grupos de risco no caso da passagem do vírus da gripe das aves para seres humanos.

Dúvidas?

1. A vacina antigripe é eficaz na prevenção da gripe das aves? Não. As vacinas disponíveis não protegem contra a doença provocada pela estirpe do vírus nos seres humanos. A criação de uma vacina exige o conhecimento da estirpe específica do vírus, o que só é possível quando este se manifesta. Assim, os laboratórios só poderão começar a trabalhar na produção de uma vacina contra esta gripe humana quando o actual vírus sofrer uma mutação que o torne capaz de se transmitir entre seres humanos. Nessa altura, será isolado e estudado. A União Europeia pretende de-senvolver uma vacina no espaço de poucas semanas em vez dos vários meses que habitualmente são precisos.
2. O medicamento antiviral Tamiflu - considerado o mais eficaz no tratamento da doença - está à venda nas farmácias? Não. Já esteve, mas uma corrida à compra do antiviral fez esgotar os stocks de Tamiflu nas farmácias portuguesas na última semana. Portugal já encomendou 2,5 milhões de doses de Tamiflu que poderão servir para cobrir parte da população. No entanto, importa esclarecer que este medicamento não tem qualquer eficácia como medida preventiva, tendo como única função atrasar a progressão da doença. A chegada deste medicamento ao País está prevista para o segundo semestre de 2006, altura em que será armazenado pelas autoridades.

Portugueses estão mal informados

Os portugueses dizem estar bem informados sobre a gripe aviária mas os talhos e restaurantes de Lisboa já sentem que as vendas de carne de aves caíram ligeiramente. No entanto, poucos são os que sabem que o Tamiflu é o medicamento antiviral considerado eficaz no tratamento da doença e ainda são muitas as perguntas para as quais ninguém encontra resposta.No Talho Ideal fala-se descontraidamente sobre a gripe das aves "Eu não tenho medo, parece-me que estão a fazer uma tempestade num copo de água!", afirma um dos talhantes enquanto embrulha "um franguinho do campo" para a senhora que está ao balcão. "Aqui a carne é de segurança, por enquanto vou continuar a comprar e dar aos meus filhos".A comprovar a qualidade da carne, o proprietário do talho mostra orgulhoso o certificado de esclarecimento sobre a gripe das aves da Direcção-Geral de Veterinária, que fala de "baixo risco de transmissão da epidemia ao homem" e da "hipótese remota de a doença chegar a Portugal". E pergunta "Se eles não têm medo, hei-de eu ter?!" Recebe a informação de que a doença já chegou à UE com um encolher de ombros. Quando questionado sobre o Tamiflu, pergunta, entre risos "É um semifrio?"A provar que os portugueses sabem pouco sobre o medicamento antiviral, um empregado de mesa de uma cadeia de restaurantes de "frangos à moda da Guia" diz que o Tamiflu é o nome do vírus. Um empresário que almoça no restaurante põe a hipótese de o Tamiflu ser o novo treinador do Sporting."Se tenho a vacina contra a gripe normal, não devo precisar de tomar nada para prevenir essa gripe das aves, pois não?", "Os pombos também podem ter essa doença?", "É o Estado que vai oferecer as vacinas?" ou "É preciso ter cuidados especiais além de cozinhar a mais de 70º C?" são questões que, sem grande alarme, ocupam a atenção dos portugueses

terça-feira, outubro 18, 2005

Advierte OMS sobre pandemia de influenza

BANGKOK, Tailandia - Es inminente el estallido de una pandemia mundial de la influenza que mataría a entre dos millones y siete millones de personas, advirtió este jueves un experto de la Organización Mundial de la Salud.
"No hay dudas de que habrá otra pandemia", expresó Klaus Stohr, del Programa Mundial de Influenza de la OMS al margen de una reunión regional sobre influenza aviaria realizada en Bangkok.
Por lo general, las pandemias tienen lugar cada 20 o 30 años, cuando el virus de influenza cambia tan drásticamente que la gente tiene poca o ninguna inmunidad.
"Durante los últimos 36 años, no se han registrado pandemias, y se cree ahora que estamos más cerca de la próxima pandemia que nunca antes", manifestó Stohr a la prensa.
"No existen razones para pensar que estaremos exentos" de esta pandemia, consideró.
Señaló que el virus de la influenza aviaria que este año ha matado a 32 personas en Tailandia y Vietnam, y millones de pollos en toda Asia, "es con seguridad el que causará la próxima pandemia".
Stohr indicó que si la influenza aviaria provoca la próxima pandemia, el virus probablemente se originará en Asia.
"Nadie se librará de una pandemia de influenza. Todos los países estarán afectados", declaró.
El experto de la OMS sostuvo que el virus causará una "emergencia de la salud pública", y vaticinó que podría provocar entre dos millones y siete millones de muertes, además de enfermar a miles de millones de personas.
En el siglo XX se registraron tres pandemias, y todas se expandieron por el mundo en el período de un año tras ser detectadas.
La peor fue una influenza española entre 1918 y 1919, cuando se cree que unos 50 millones de personas de todo el mundo murieron, casi la mitad de ellas jóvenes y adultos saludables.
Es fundamental que los países actúen de manera inmediata para protegerse de una posible pandemia y tener en reservas medicinas antivirales, dijo Stohr.